Aos 63 anos, o bancário Sérgio Prates descobriu uma condição vascular rara que poderia trazer sérias complicações à sua saúde e, se detectada mais tarde, levar à morte. Tratava-se de um aneurisma bilateral na artéria poplítea – localizada atrás do joelho e responsável pela circulação da parte inferior das pernas. A doença foi identificada há dois anos e meio durante uma consulta de rotina com o cardiologista.
“Fui imediatamente ao Hospital de Base para fazer uma cirurgia de emergência. Em uma semana, já estava sendo operado. O tratamento lá na unidade foi espetacular. Eles fizeram duas pontes de safena, e hoje faço acompanhamento, mas voltei a viver minha vida normalmente”, aponta.
Assim como Sérgio, a maioria das pessoas acometidas por doenças vasculares não apresenta sintomas. “Acredito que esse seja um assunto sobre o qual a maior parte dos indivíduos não tem muita consciência. Por isso, acho que é essencial o alerta a respeito do papel que os exames de rotina podem ter em um diagnóstico precoce. Afinal, eu não tive sintomas e não possuía fatores de risco”, complementa o bancário.
Levar informações acerca de uma identificação mais rápida de doenças venosas, arteriais e linfáticas é o principal objetivo da campanha Agosto Azul Vermelho, criada pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV). Durante este mês também são celebrados o Dia do Cirurgião Vascular (15) e o Dia Nacional da Consciência Vascular – Dia V (17), que trazem mais visibilidade à condição.
Entre os principais problemas que podem afetar o sistema vascular estão a trombose venosa profunda (TVP), a doença arterial periférica (DAP), o acidente vascular cerebral (AVC), o linfedema, a doença carotídea, o pé diabético, o aneurisma de aorta abdominal (AAA), a embolia pulmonar (EP) e as varizes. Algumas dessas enfermidades possuem tratamentos mais fáceis; outras, contudo, podem acarretar complicações que prejudicam a saúde e a qualidade de vida.
“O foco desta campanha é orientar os indivíduos, principalmente aqueles que têm fatores de risco como diabetes, colesterol elevado ou pressão alta, inclusive as pessoas que possuem casos na família de alguma dessas doenças. É fundamental que esses grupos façam exames anuais com um cirurgião vascular, para que haja um diagnóstico precoce”, destaca a referência técnica distrital (RTD) de cirurgia vascular Karolina Frauzino Ramos, da Secretaria de Saúde do DF (SES),
Quanto mais cedo, melhor
As doenças vasculares são um conjunto heterogêneo de enfermidades que podem ser tratadas de forma simples, desde que sejam diagnosticadas precocemente. Muitas delas são silenciosas, ou seja, não apresentam sintomas em seus estágios iniciais. Outras, quando não tratadas, podem levar à morte. Por isso, o mais indicado é a realização do checape vascular, que garante a identificação prévia e um tratamento mais eficaz.
“Grande parte das doenças vasculares é detectável antes do surgimento de sintomas, por meio de exames do sistema de circulação, realizados anualmente, por exemplo. Assim, o profissional consegue encontrar aneurismas com diâmetros menores. As varizes também podem ser reconhecidas em fase inicial e, assim, serem tratadas para prevenir complicações”, diz Ramos.
A recomendação é que pacientes acima de 40 anos façam o checape regularmente. A adoção de hábitos saudáveis podem auxiliar na prevenção: não fumar, desempenhar atividades físicas com frequência, dormir bem, evitar ficar longos períodos na mesma posição (principalmente em pé), diminuir o estresse, manter uma alimentação adequada e controlar o colesterol.
Onde procurar tratamento?
Na SES, a consulta inicial é feita junto aos exames gerais, pelo médico da Unidade Básica de Saúde (UBS). Se alguma alteração for identificada, o paciente é encaminhado para um cirurgião vascular.
No caso de doenças venosas (trombose, varizes etc), as referências são os hospitais regionais do Guará (HRGU), de Taguatinga (HRT), de Sobradinho (HRS), da Asa Norte (Hran), do Gama (HRG) e de Santa Maria (HRSM). Já para as doenças arteriais – como carótidas, aneurismas e pé diabético -, a referência principal do DF é o Hospital de Base.
Em todas essas unidades hospitalares, os usuários encontram profissionais qualificados que podem avaliar a situação e indicar o melhor tratamento para doenças vasculares.
*Com informações da Secretaria de Saúde