Iniciada em maio, a CPI do 8 de Janeiro chega à sua reta final nesta terça-feira, com a leitura do relatório final da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), escalada para compilar os trabalhos do grupo e apontar conclusões e possíveis pedidos de indiciamento. Nesta segunda-feira, a relatora adiantou à imprensa "o olhar voltado para os militares", sem dúvida, "estará consignado" no documento.
Final: Relatório final virá com mais de mil páginas e olhar ‘voltado para militares’, segundo relatora
O que a CPI achou no celular de ex-chefe da PRF
A sessão será iniciada com a leitura do parecer preparado pela relatora. Apara a imprensa, ela disse ainda que o material teria mais de mil páginas. Em tese, Eliziane não pode ser interrompida durante sua leitura.
Ao final, um membro da oposição poderá fazer a leitura de um relatório paralelo. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) tem um e há a expectativa de que o deputado Delegado Ramagem (PL-RJ) apresente outro. Essa segunda leitura deverá ser feita em, no máximo, uma hora.
Depois dessa segunda leitura, um membro da comissão pode pedir vista, uma solicitação para que os parlamentares tenham mais tempo para analisar o parecer apresentado. Com isso, a discussão e votação do parecer ficam para quarta-feira.
Os interessados em debater os relatórios, no entanto, têm só até amanhã cedo para se inscreverem. O tempo é de 10 minutos para membros da comissão três minutos para não-membros.
O relatório
Eliziane tem evitado adiantar o conteúdo do seu parecer. A senadora, porém, já adiantou que um dos focos serão os militares. Aliados acreditam que ela deve pedir o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de aliados dele, como general Augusto Heleno e o ex-chefe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques.
Ao todo, foram 17 depoimentos realizados e 648 documentos analisados pela comissão.
Interlocutores da parlamentar dizem que o relatório final será um "documento histórico" que mostrará que o 8 de janeiro não foi um ato isolado, mas um movimento articulado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e a extrema direito logo após as eleições de 2022.
A ideia do texto é relacionar as minutas golpistas encontradas no celular de Mauro Cid e na casa de Anderson Torres com a reunião do hacker Walter Delgatti com Bolsonaro no Palácio da Alvorada.
Os bloqueios nas rodovias feitos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) concentrados no Nordeste no segundo turno das eleições e a tentativa de explosão de um caminhão-tanque nas proximidades do aeroporto de Brasília na véspera de Natal também serão listados como parte da trama golpista.
O texto também terá um capítulo para esmiuçar o levantamento bancário de empresas do agronegócio, madeireiras e de armas de fogo, que são suspeitas de bancarem os atos de 8 de janeiro.
Deputados da base do governo receberam um aviso no grupo de WhatsApp para chegarem cedo à sessão da CPMI desta terça-feira, às 8h30. O intuito é que eles compareçam em peso à comissão para declarar apoio ao relatório de Eliziane.