Segurança exige investimento e exige gente', diz secretário sobre dificuldade para prender procurados

Com mais de 400 mil mandados de prisão em aberto no país, secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, afirma que "falta material humano" e defende PEC da Segurança para unificar dados. O maior número de ordens de prisão não cumpridas é por crimes de roubo, seguido por tráfico de drogas e homicídio.

14/04/2025 06h56 - Atualizado há 1 dia
Segurança exige investimento e exige gente, diz secretário sobre dificuldade para prender procurados
Mário Sarrubbo, procurador-geral do Ministério Público de São Paulo/ Segurança exige investimento e exige gente', diz secretário de Segurança Pública - Foto: TV Globo

O Brasil acumula quase 400 mil mandados de prisão não cumpridos, sendo quase 83,8 mil referentes a pessoas já condenadas em definitivo pela Justiça.

Parte dessas ordens judiciais se refere a indivíduos localizados em endereços conhecidos: o portal mostrou o caso de servidores federais que seguiam trabalhando e candidatos que fizeram campanha eleitoral sem serem presos.

Entre os 400 mil mandados de prisão em aberto, mais de 5 mil envolvem procurados por estupro de vulnerável. Segundo levantamento,, a Justiça já condenou a maioria, e os condenados levam, em média, quase 4 anos para serem presos.

Para o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, o gargalo no cumprimento das prisões está na falta de investimento em efetivo policial, tecnologia e integração de dados.

“O Brasil é continental. As pessoas viajam. Se o sistema não conversa, o criminoso simplesmente atravessa a fronteira e vira outra pessoa”, resumiu o secretário, em entrevista ao portal. "Mas é porque falta material humano, falta investimento em tecnologia".

Entre os 386.560 mil mandados pendentes de cumprimento no país, 240.352 mil são referentes a crimes e 76.208 mil a questões cíveis, como não pagamento de pensão alimentícia, de acordo com as informações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O maior número de ordens de prisão não cumpridas é por crimes de roubo (54.477), seguido por tráfico de drogas (47.589) e homicídio (38.885).

O secretário afirma que a PEC da Segurança Pública, que prevê padronização de registros e unificação de sistemas de dados, vai ajudar a evitar que pessoas condenadas em definitivo permaneçam soltas .

Falta integração e mais efetivo policial

A falta de padronização entre os sistemas estaduais de segurança pública é um dos principais entraves para a eficácia no cumprimento de mandados de prisão no Brasil, segundo o secretário nacional de Segurança Pública.

Hoje, apenas 14 estados utilizam a plataforma de Procedimentos Policiais Eletrônicos que reúne de forma centralizada informações sobre inquéritos e ordens de prisão.

“Muitas vezes, o mandado só é cumprido quando a Polícia Rodoviária Federal para um cidadão na estrada e, ao checar os dados, vê que há uma ordem de prisão. Isso não é natural, é reflexo da falta de integração”, afirma.

A proposta do Ministério da Justiça é expandir o uso dessa plataforma e criar um sistema nacional de dados em tempo real.

Além da unificação dos dados, o secretário defende a criação de um padrão mínimo de efetivo policial por estado, levando em conta a população, a extensão territorial e a complexidade dos crimes locais. “Não dá para garantir que um crime vá ser investigado se não há sequer gente suficiente para operar o sistema”, afirmou.

Hoje, a responsabilidade pela contratação é dos estados, que não podem usar recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) para esse fim. Em fevereiro de 2025, o fundo registrou um recorde de execução, com R$ 106,5 milhões aplicados — alta de 46,6% em relação ao mesmo período de 2024.

A discussão ocorre paralelamente ao avanço da PEC da Segurança Pública no Congresso. Para o governo, a aprovação da PEC representará um marco na estruturação da segurança pública no Brasil. O secretário afirma que o texto permitirá consolidar o consenso sobre a importância de um banco de dados nacional e do trabalho conjunto entre as forças de segurança.

Cadastro de predadores sexuais

Outro projeto em andamento no Ministério da Justiça é a criação de um Cadastro Nacional de Predadores Sexuais, previsto em lei desde 2021, mas sancionada em 2024.

Segundo Sarrubbo, a ferramenta será integrada a outras plataformas e ajudará a localizar condenados que agem em outros estados.

“É prioridade nossa. Ainda está em desenvolvimento, mas será um cadastro padronizado, com alcance nacional”, disse.

A plataforma, no entanto, ainda não tem data para ser lançada.


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