Autoridades dos Estados Unidos e da União Europeia lamentaram na sexta-feira (16/2) a morte de Alexey Nalvany, o mais proeminente nome da oposição russa na última década, com muitos apontando o governo de Vladimir Putin como um possível responsável.
Nalvany, de 47 anos, morreu em uma prisão do Círculo Polar Ártico, de acordo com o serviço penitenciário local.
Ele cumpria uma pena de 19 anos por condenações que eram consideradas como motivadas politicamente por boa parte da comunidade internacional.
Até o momento, nem a mulher de Nalvany, Yulia Navalnaya, nem seu porta-voz confirmaram a morte.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse que, se a morte de Navalny for confirmada, "apenas sublinha a fraqueza e a corrupção no cerne do sistema que Putin construiu".
"Em primeiro lugar, se esses relatos forem precisos, nossos corações estão com sua esposa e sua família", disse Blinken em uma conferência de segurança em Munique, na Alemanha, acrescentando que "a Rússia é responsável" se a morte for confirmada.
Questionado sobre a morte de Navalny pela rádio pública americana NPR, o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, disse que Washington está tentando confirmar exatamente o que aconteceu.
"É uma tragédia terrível, e, dada a longa e sórdida história do governo russo de causar danos aos seus oponentes, levanta questões reais e óbvias sobre o que aconteceu aqui", disse Sullivan à rádio na manhã desta sexta-feira (16/02).
"Vou me abster de fazer mais comentários até que tenhamos mais informações - e estamos buscando ativamente confirmação, como sei que a família de Navalny também está. A partir daí vamos determinar o que acontece a seguir", continuou Sullivan.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, fez declarações no mesmo sentido.
Também presente na conferência de segurança de Munique, ela disse à BBC: "Estamos aguardando a confirmação da família antes de emitirmos nossa declaração".
Já o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou que o bloco considera o regime russo como tendo a "única responsabilidade" pela "trágica morte" de Navalny.
Em uma postagem na rede social X, Michel disse que Navalny "lutou pelos valores da liberdade e democracia" e fez o "sacrifício supremo" por seus ideais.
"Estendo minhas mais profundas condolências à sua família. E àqueles que lutam pela democracia ao redor do mundo nas condições mais sombrias. Lutadores morrem. Mas a luta pela liberdade nunca termina," acrescentou Michel.
Reação da Otan, França, Alemanha - e a resposta do Kremlin
Jens Stoltenberg, secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), disse que está "entristecido e perturbado pelos relatos vindos da Rússia".
Já o chefe de governo alemão, chanceler Olaf Scholz, afirmou que o ativista "pagou por sua coragem com a vida".
O ministro de Relações Exteriores da França, Stéphane Séjourné, disse no X: “A morte (de Nalvany) em uma colônia penal nos recorda da realidade do regime de Vladimir Putin”.
A morte de Navalny é "terrível notícia", afirmou o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, que acrescentou que ele "demonstrou uma coragem incrível ao longo de sua vida".
A BBC News Brasil questionou o Itamaraty e a assessoria especial da Presidência do governo brasileiro a respeito da morte de Nalvany, mas não havia recebido comentários até a publicação deste texto.
Na Rússia, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Maria Zakharova, respondeu às críticas. Disse que as "alegações ocidentais" sobre a morte de Navalny são "autorreveladoras".
Em um comunicado no Telegram, Zakharova afirmou que os resultados da análise forense da causa da morte de Navalny ainda não estão disponíveis.
Zakharova acrescenta que ela acredita que o Ocidente já chegou às suas próprias conclusões.