19/02/2024 às 20h44min - Atualizada em 19/02/2024 às 20h44min

A Fé Fragmentada: Deus por Todos, Cada um por Si

É hora de resgatarmos a essência da fé verdadeira

Vital Cézar Furtado Filho
Ilustração: Google

Este que vos escreva, muitas das vezes é tido como atribulado, falador, se mete aonde não é chamado, etc.

Mas, se assim faço, é porque percebo que o tal amor pelos irmãos, os quais são propagados por alguns que se dizem fazer a obra, nada mais é do que uma declaração vazia, melhor dizendo; “da boca pra fora”.

Nas igrejas atuais, erguem-se altares em louvor ao divino, onde multidões se reúnem em busca de respostas, conforto e orientação. Entretanto, em meio às preces e cânticos, muitas vezes ecoa uma verdade incômoda: é Deus por todos, cada um por si próprio.

Em um mundo onde a individualidade e a busca pelo sucesso pessoal são enaltecidas, a fé muitas vezes se torna um caminho solitário. Cada fiel busca sua própria conexão com o divino, almejando bênçãos e milagres que atendam às suas necessidades individuais, deixando de lado a comunhão e a solidariedade que a fé genuína deveria inspirar.

Nesse cenário, a igreja se torna um palco onde cada um busca seu protagonismo espiritual, muitas vezes esquecendo-se do verdadeiro propósito da comunidade de fé: o compartilhamento, o apoio mútuo e a busca coletiva pela verdade e pela justiça.

É hora de resgatarmos a essência da fé verdadeira, aquela que une em vez de separar, que conforta em vez de julgar, que acolhe em vez de excluir. Que possamos encontrar em nossas igrejas não apenas um refúgio para nossas aflições individuais, mas também um espaço de comunhão, solidariedade e amor ao próximo.

Que possamos nos lembrar de que, em última instância, somos todos parte de um todo maior, todos buscando a mesma luz divina que nos guia e nos sustenta. Que nossa fé seja, verdadeiramente, um elo que nos une em amor e compaixão, e não uma barreira que nos separa em busca de interesses pessoais.

E nesse raciocínio meu espírito vagueia pelo tempo, indo  até a a época em que Jesus desempenhava seu ministério e era conhecedor das ações, atos e pensamentos de cada um, de tal modo que chegou a proferir as seguintes palavras: “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim”. Mateus 15:9

Hoje, porém, não é diferente.

Em meio aos murmúrios da multidão, erguem-se vozes em louvor, clamando o nome de Jesus com fervor. A boca vibra de adoração, entoam cânticos de devoção, mas onde repousa o coração?

Muitos se aproximam com lábios supostamente ungidos, proferem palavras de amor e fé, mas seus corações vagueiam distantes, longe da verdade que proclamam crer. O culto oferecido, na maioria das vezes são vazios, porque as ações também não refletem o que determinados “santos” dizem sentir.

Se esquecem que Jesus vê além das palavras, perscruta as intenções que se escondem no âmago de cada ser. O nosso Senhor Jesus Cristo não busca sacrifícios vazios, nem “adorações” desprovidas de sentido. Pelo contrário; Jesus, o Cristo ressuscitado anseio pela sinceridade que brota do coração, pela entrega genuína, pela devoção verdadeira.

Que aprendamos a louvá-lo não somente com a boca, mas com o coração transformado pela fé. Que nossas palavras sejam reflexo de nossas ações, que nossas vidas testemunhem a verdade do que cremos. Pois somente assim o louvor será aceito, somente assim a devoção será completa.

Que cada gesto, cada palavra, cada pensamento seja um testemunho vivo da fé que professamos. Pois é assim, com corações sinceros e verdadeiros, que verdadeiramente devemos louvor o autor e consumador de nossa fé, e não nos esquecendo de que hoje é ele o nosso advogado, mas, num futuro bem próximo será o nosso Juiz.


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