Desde 2019, a goiaba é a fruta mais produzida no Distrito Federal. Em 2023, a produção chegou a 7.070 toneladas cultivadas em 412 hectares de área plantada. Foram determinantes para o crescimento da produção o plantio de novas cultivares, menos suscetíveis a problemas fitossanitários, como a Cortibel RG e a Suprema, também conhecida como Tailandesa, e o trabalho de assistência técnica e extensão rural realizado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) junto aos fruticultores para divulgar e disseminar as novidades.
As variedades Pedro Sato e Paluma foram introduzidas no DF a partir da década de 1980. No entanto, elas apresentaram fragilidades em relação à fitossanidade. Já a Cortibel RG e a Suprema são mais resistentes a doenças, garantindo assim um ganho significativo para o produtor.
Para contribuir ainda mais com esse desempenho, está chegando à região o resultado de um estudo realizado pela Embrapa que representa a primeira tecnologia muito eficiente quanto ao controle do parasita nematoide-das-galhas, principal desafio da produção de goiaba no Brasil. Essa pesquisa começou em 2007 e se deu com o melhoramento genético a partir do cruzamento de duas espécies de Psidium: Psidum guajava, goiabeira, e Psidium guineense, araçazeiro. O porta-enxerto BRS Guaraçá é uma planta híbrida, que mistura características das duas espécies.
O gerente de Fruticultura da Emater-DF, Felipe Camargo, informa que a tecnologia já está surgindo no DF e os enxertos de mudas evitam que o produtor tenha prejuízos com o nematoide-das-galhas. “Os nematoides, quando infectam as goiabeiras, injetam substâncias tóxicas e sugam nutrientes. Dessa forma, diminuem a vida útil da planta e causam prejuízos econômicos aos produtores. Nosso trabalho junto aos produtores ajudou a colocar a goiaba na liderança quando sugerimos a substituição dos pomares de Pedro Sato e Paluma por Cortibel RG e Suprema. Agora vamos contribuir apontando o porta-enxerto BRS Guaraçá como mais uma alternativa”, declarou o gerente.
Qualidade e resistência
Edson Pinto Corrêa, 52 anos, cultiva goiaba desde os 15 anos de idade. Ele plantava a espécie Paluma, mas fez a substituição dos pés existentes à medida que a Suprema e Cortibel foram se tornando acessíveis. “As novas espécies vão aparecendo e a gente pode decidir se quer trocar. Eu preferi investir na Suprema por causa do tamanho do fruto, da qualidade e da resistência da planta. Além disso, a separação dos frutos é muito fácil: nós separamos em duas caixas diferentes apenas, uma com goiabas grandes e outra com frutos menores. Esse processo agiliza muito o tempo de colheita e diminui a quantidade de mão de obra empregada”, observou o produtor.
Atualmente, Edson Corrêa cultiva três hectares de goiaba Suprema e 0,8 ha de Cortibel. A estimativa do produtor é colher 21 toneladas de Suprema até o fim da safra. O fruto já tem destino certo: parte fica no DF e a outra vai para Goiás e Mato Grosso. Para todo o processo de cultivo e colheita, Edson conta com a força de trabalho de quatro trabalhadores rurais e da esposa, Vanusca Marques.
Ao longo dos 27 anos de casamento, Vanusca acompanhou a transição das cultivares e afirma que a mudança resultou numa produção com muito mais qualidade para o consumidor. Nesse processo, o auxílio da Emater-DF tem sido fundamental para a definição do fornecedor das mudas, nas dúvidas sobre o manejo, adubação e controle de doenças.
“Quando a gente está no auge da preparação até chegar à colheita, que demora uns seis meses, às vezes surge um problema que a gente não consegue detectar, que ficou do ano anterior e aparece no ano seguinte. Nesse caso, a gente recorre à Emater-DF que tem o conhecimento técnico para a solução”, afirmou Vanusca.
“A goiaba lidera o ranking de frutas no DF porque houve o aumento da área plantada, que se deu não só pela migração de outras culturas para a goiaba, mas pelo manejo precisar de um número menor de mão de obra e da disponibilidade das novas cultivares na região, mais resistentes e produtivas”
Nadja de Moura Pires Oliveira, extensionista rural
Para Nadja de Moura Pires Oliveira, extensionista rural do Escritório da Emater-DF em Brazlândia, a prosperidade do casal tem respaldo na dedicação ao cultivo da fruta, que compreende fazer a poda correta, adubação, irrigação e o controle de pragas de acordo com as orientações técnicas, além da introdução das novas cultivares, que são mais produtivas.
“A goiaba lidera o ranking de frutas no DF porque houve o aumento da área plantada, que se deu não só pela migração de outras culturas para a goiaba, mas pelo manejo precisar de um número menor de mão de obra e da disponibilidade das novas cultivares na região, mais resistentes e produtivas. Nós explicamos as vantagens de cada espécie, assim como o uso do porta-enxerto BRS Guaraçá, mas a decisão é do produtor, que define de acordo com a sua preferência, condições de investimento e mercado que deseja acessar. Nossa função é levar o conhecimento”, declarou a extensionista.
Edson e Vanusca estão adquirindo 600 mudas de Suprema com porta-enxerto BRS Guaraçá e vão receber as plantas durante a Festa da Goiaba. A decisão foi pela resistência delas aos nematoides.
Festa da Goiaba
Promovida pela Associação Rural e Cultural Alexandre Gusmão com apoio Associação Cresce-DF, da Emater-DF, da Administração Regional de Brazlândia, da Secretaria de Turismo do DF e da Polícia Militar do DF, a 9ª Festa da Goiaba vai até 14 de abril, em Brazlândia.
Durante o evento, os visitantes poderão participar de festival de gastronomia e comprar a fruta e derivados, como geleias, doces, tortas, sucos e sorvetes. Além disso, no espaço Florabraz haverá exposição de flores e plantas ornamentais, além da comercialização de artesanato.
*Com informações da Emater-DF