14/04/2024 às 07h20min - Atualizada em 14/04/2024 às 07h20min

Instituições e produtores rurais se unem para desenvolver a produção de baunilha no Cerrado

A integração visa aproveitar as oportunidades de mercado vencendo as dificuldades do início da cadeia produtiva

​O extensionista da Emater-DF Carlos Moraes (e) e o extensionista da Emater-MG Lucas Carneiro durante visita à propriedade de Anajulia Heringer | Fotos: Ana Nascimento/Emater-DF

Produtores rurais e diversas instituições públicas e privadas se uniram, esta semana, em uma intensa programação para conhecer os gargalos e soluções para impulsionar o cultivo de baunilha nas regiões de Cerrado. As reuniões técnicas e visitas a propriedades contaram com representantes da Emater-DF, Embrapa Cerrado, Emater-MG, Sudeco e Grupo Campo. O objetivo foi firmar a integração do grupo para o mapeamento das dificuldades e implementação de ações que fortaleçam as oportunidades de plantio de espécies próprias para o clima da região.

O cultivo de baunilha no Planalto Central é muito incipiente tanto em quantidade quanto em pesquisas. Por isso foi definida uma agenda que pudesse abranger os problemas que envolvem a cadeia produtiva, como a formação de cultivares com melhor desenvolvimento e produtividade no bioma Cerrado para catalogação no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A programação incluiu reunião com a diretoria da Emater-DF, visita ao Banco de Germoplasma da Embrapa Cenargen e ao Bando de Germoplasma da Embrapa Cerrado e visita aos produtores Edna Maria, Rubens Bartholo, Ângela Maria e Anajulia Heringer, que possuem uma produção mais desenvolvida no DF.

Para o engenheiro agrônomo e coordenador de Cachaça da Emater-MG, Lucas Carneiro, que também é especialista em orquídeas e participou das agendas, a integração de todas as instituições é fundamental para identificar todos os elos da cadeia produtiva da baunilha que ainda não estão muito entendidos. Embora haja pacotes tecnológicos para algumas espécies estrangeiras, como a Vanilla planiflora, do México, é necessário desenvolver o pacote para a agricultura tropical.

“Estamos partindo do nível dois e para se chegar ao dez, há um chão a percorrer. É importante também que a gente comece a pensar nesse futuro, mas num futuro de curto prazo. Precisaremos dar algumas respostas para daqui a dois anos, como um pacote tecnológico para cultivar nossas orquídeas, da cura e maturação do fruto, de ter uma espécie nossa ou por meio da Embrapa ou da Campo, de forma que se tenha material genético que se possa produzir em quantidade, além de um plano de negócios para a agricultura familiar e para pequenos e médios produtores”, afirmou o extensionista.

De acordo com o extensionista da Emater-DF Carlos Moraes, há muitos processos da cadeia de floricultura, em especial as plantas ornamentais rudimentares, que poderão ser absorvidos no cultivo de baunilha, como rede de insumos, infraestrutura de transporte e equipamentos de processamento. “Um dos maiores gargalos que temos de investir com certa urgência é em tecnologia de processamento voltado para a nossa realidade. Esse grupo tem a missão de construir alternativas que supram nossas necessidades”, pontuou Carlos Morais.

Gargalos
Márcio Antônio Moraes, um dos maiores produtores de baunilha do país, também acredita que a integração das instituições de extensão rural e pesquisa, iniciativa privada e produtores é necessária pela incipiência da cadeia produtiva e para se chegar mais adiante. Além disso, o produtor informou sobre a criação da Associação dos Produtores de Baunilha do Cerrado, que vai gerar a necessidade dos produtores participarem mais desse processo de discussão e desenvolvimento da cadeia. De acordo com Márcio, as maiores dificuldades para quem começa no cultivo de baunilha são cadastrar todas as espécies de baunilhas úteis no Sistema Nacional de Sementes e Mudas, do Mapa, além de criar um viveiro com mudas aprovadas e investir nas normativas para exportação.

“Comecei no cultivo de baunilha há seis anos e hoje tenho duas mil plantas da espécie Vanilla planiflora, sendo que em torno de mil já estão em fase de produção, que rendem mensalmente em torno de R$20 a 30 mil reais livres dos custos. Dessa forma, a cadeia é bastante rentável e quem chega na frente, apesar de encontrar mais dificuldades, tem mais acesso ao mercado”, disse.

O supervisor de Cultivo Protegido da Embrapa Cerrado, Geovani Alves de Andrade, entende que o início de uma cadeia produtiva é cheio de desafios, que precisam ser superados. No entanto, quem chega na frente também consegue melhor êxito. “Dentre os benefícios destaco o acesso mais fácil ao mercado e consegue uma escala de preço melhor. Por isso, esse grupo vem se somar ao trabalho já iniciado na Centro Nacional de Recursos Genéticos e Biotecnologia da Embrapa, o Cenargen, de prospecção e identificação das espécies de baunilha que fazem parte da biodiversidade brasileira e um esforço para o início do processo de domesticação e potencialização desses recursos genéticos”, destacou.

Para o supervisor, investir na cadeia neste momento é forma de aproveitar nossa biodiversidade e trazer lucratividade para quem cultiva, uma vez que a baunilha é um produto muito conhecido no mercado internacional e existe bastante demanda pelo produto.

*Com informações da Emater-DF


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