Nesta quarta-feira (15) é celebrado o Dia Mundial de Sensibilização do Método Canguru. Transformado em política pública de saúde em 1999, o procedimento foi adotado no ano seguinte pela rede pública de saúde do Distrito Federal. No Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) o método canguru foi implementado há um ano, em 2023.
O método canguru é realizado nas unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), que conta com 20 leitos, e na de Cuidados Intermediários Neonatais (UCIN), que possui 15 leitos. Hoje, o HRSM é referência na região Sul e Entorno Sul para atendimento de gestantes de alto risco. Por conta disso, há inúmeros nascimentos de bebês prematuros no hospital, sendo uma média de 40 até 50% dos partos sendo de prematuros.
O método canguru começa dentro da nossa UTI neonatal. Se o bebê estiver estável, mesmo estando em estado grave, ele é colocado em contato com a mãe ou com o pai na hora da visita.
“Este método é utilizado para aumentar o vínculo deste bebê que era para estar dentro da barriga da mãe, mas acabou saindo antes. Então, esse vínculo tem que ser mantido devido ao tempo prolongado de internação dessa criança”, explica a chefe do Serviço de Neonatologia do HRSM, Phabyana Pereira de Araújo.
Segundo a neonatologista, há estudos científicos que comprovam que o contato pele a pele através do método canguru melhora tudo no recém-nascido, pois ele se sente mais protegido.
“Ele ganha peso mais rápido, fica mais estável, porque o contato afetivo entre os pais e o bebê gera essa segurança no recém-nascido. O método canguru diminui o tempo em ventilação mecânica, diminui tempo de internação”, destaca.
A posição do método canguru consiste em manter o recém-nascido, em contato com o corpo da mãe ou do pai, na posição vertical o tempo mínimo necessário para respeitar a estabilização do recém-nascido e pelo tempo máximo que ambos entenderem ser prazeroso. A orientação deve ser feita por equipe de saúde adequadamente capacitada.
Para ir para a UCIN ele precisa estar estável, sem suporte ventilatório, atingir 1.250 kg e com alimentação plena, trófica, ou seja, quando já estiver mamando, em treinamento de sucção, conseguindo deglutir.
“É lá dentro da UCIN que o bebê entra na fase de ganhar peso, quando atinge 1.900 kg e está bem, sem nenhum problema com a amamentação, se alimentando direitinho, é que damos alta para este bebê ir para casa. O Método Canguru prevê a alta com 1.600kg, mas não seguimos essa orientação por conta da alta vulnerabilidade da população atendida aqui no HRSM. Por segurança, mandamos só quando estão mais pesados, para evitar que eles retornem ao hospital com desnutrição”, explica Phabyana.
Benefícios do método canguru
Conforme o manual desenvolvido pelo Ministério da Saúde, o Método Canguru é um modelo de atenção perinatal voltado para a atenção qualificada e humanizada, que reúne estratégias de intervenção biopsicossocial com uma ambiência que favoreça o cuidado ao recém-nascido e à sua família. O procedimento promove a participação dos pais e da família nos cuidados neonatais. Faz parte da iniciativa o contato pele a pele, que começa de forma precoce e crescente desde o toque, evoluindo até a posição canguru.
Entre as vantagens da iniciativa estão: a redução do tempo de separação dos pais e da criança; facilitar o vínculo afetivo; incentivar a confiança dos pais no cuidado do filho, inclusive após a alta hospitalar; estimular o aleitamento materno, permitindo maior frequência, precocidade e duração; além de manter o adequado controle térmico do bebê.
O método canguru ainda contribui para a redução do risco de infecção hospitalar, reduz o estresse e a dor, propicia melhor relacionamento da família com a equipe de saúde; favorece ao recém-nascido uma estimulação sensorial protetora em relação ao seu desenvolvimento integral e melhora a qualidade do desenvolvimento neuropsicomotor do recém-nascido.