28/06/2024 às 07h32min - Atualizada em 28/06/2024 às 07h32min

General anuncia golpe de estado na Bolívia e militares cercam sede do governo

Tanques do Exército tomaram a Praça Murillo, em La Paz, onde fica a sede do governo boliviano. O presidente Luis Arce denunciou "mobilizações irregulares"

​Imagem mostra um soldado em um veículo blindado posicionado em frente ao Palácio Quemado, na Plaza de Armas, em La Paz, em 26 de junho de 2024 - (crédito: AIZAR RALDES / AFP)

O general do Exército, Juan José Zúñiga, anunciou à imprensa a execução de um golpe de estado contra o governo do presidente Luis Arce, na Bolívia. Na tarde desta quarta-feira (26/6), os militares tomaram a Praça Murillo, sede do governo, em La Paz. "A mobilização de todas as unidades militares busca expressar descontentamento com a situação do país", disse Zúñiga.

O comandante do Exército chegou ao Palácio Quemado em um tanque de guerra e exigiu "mudança de gabinete".

Mais cedo, o presidente boliviano, Luis Arce, denunciou "mobilizações irregulares" de militares, enquanto tropas e tanques se posicionavam na frente da sede do governo.

"Denunciamos mobilizações irregulares de algumas unidades do Exército Boliviano. A democracia deve ser respeitada", escreveu o presidente na rede social X.

O ex-presidente Evo Morales também denunciou a gestação do golpe. "Gesta-se o Golpe de Estado. Neste momento, pessoal das Forças Armadas e tanques se mobilizam na Praça Murillo", disse Morales na rede social X. "Convocamos uma Mobilização Nacional para defender a Democracia frente ao golpe de Estado que é gestado e liderado pelo general Juan José Zuñiga, comandante do exército", declarou em outra mensagem na rede social.

Reação internacional
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) informou à imprensa que pediu informações ao governo da Bolívia sobre a denúncia de uma tentativa de golpe de Estado no país. Ainda nesta quarta-feira, o presidente brasileiro vai se encontrar com o assessor especial Celso Amorim e com o chanceler Mauro Vieira para uma reunião de emergência sobre a tentativa de golpe no país vizinho.

"Eu fui informado agora. Pedi para o meu ministro [das Relações Exteriores] entrar em contato para a gente ter certeza, porque a gente não pode ficar anunciando coisa que depois não acontece", disse Lula ao ser questionado.

"Eu quero informações. Eu pedi para o ministro Mauro [Vieira] ligar par a Bolívia, ligar para o presidente, para o embaixador brasileiro, para a gente ter certeza e dar uma posição. Como eu sou um amante da democracia, eu quero que a democracia prevaleça na América Latina. Golpe nunca deu certo", acrescentou ainda Lula.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) "não tolerará qualquer forma de violação da ordem constitucional" na Bolívia, declarou o secretário-geral da entidade, Luis Almagro, ao condenar as mobilizações irregulares do Exército boliviano diante da sede do governo em La Paz.

"Expressamos nossa solidariedade ao presidente Luis Arce Catacora. A secretaria-geral da OEA não tolerará qualquer forma de quebra da ordem constitucional legítima na Bolívia, nem em qualquer outro lugar", disse Almagro em Assunção, onde ocorre até sexta-feira a assembleia geral da organização.


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