05/07/2024 às 07h14min - Atualizada em 05/07/2024 às 07h14min

Brasil desaba em índice que mede o progresso social

De acordo com medição do IPS, Brasil despenca da 46ª posição para a 67ª. Brasília é a capital com maior qualidade de vida

​A falta de saneamento básico em várias regiões do país é reflexo da desigualdade e um dos principais problemas detectados pela pesquisa do IPS - (crédito: Kayo Magalhães/CB/D.A Press)

O Brasil despencou 21 posições e passou da 46ª colocação, em 2014, para a 67ª, neste ano, no Índice de Progresso Social (IPS) Brasil — ferramenta criada pelos cientistas da Universidade de Harvard e do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), ambos nos Estados Unidos. A queda reflete a piora nos níveis de desigualdade social e econômica do país.

Entre os componentes do IPS Brasil, nutrição e cuidados médicos básicos, acesso à água e saneamento e moradia são áreas nas quais o país enfrenta dificuldades. A segurança pessoal também é um ponto de preocupação e impacta diretamente a qualidade de vida.

Em 2024, o país registrou as pontuações de 61,83 em nutrição e cuidados médicos básicos; 70,51 em água e saneamento; e 77,79 em moradia. No caso de segurança pessoal, obteve 58,27, e em acesso ao conhecimento básico, 71,82.

Bem-estar
Entre as capitais brasileiras, Brasília é que apresenta a maior qualidade de vida. Para chegar a tal resultado, o IPS Brasil considerou fatores como nutrição, saúde, moradia, saneamento, segurança pessoal, acesso à informação, meio ambiente, inclusão social, liberdade individual e acesso à educação superior.

Depois de Brasília, Goiânia, Belo Horizonte, Florianópolis e Curitiba são as capitais que proporcionam a melhor qualidade de vida às populações. As três últimas do ranking do IPS Brasil são Maceió, Macapá e Porto Velho.

A pesquisa também aponta que o Distrito Federal (1º) e São Paulo (2º) destacam-se com as melhores notas no ranking das unidades da Federação. Segundo o IPS Brasil, o DF apresentou melhor desempenho nos seguintes itens: acesso à informação e comunicação; saúde e bem-estar; qualidade do meio ambiente, direitos individuais; liberdades individuais e de escolha; e acesso à educação superior.

Apesar do bom desempenho em quase todos aspectos da pesquisa, o DF vai mal quando o item é inclusão social. Ocupa o penúltimo lugar entre as 27 unidades da Federação. "O componente inclusão social busca garantir que todos os indivíduos tenham acesso equitativo a oportunidades e recursos, independentemente de sua origem, raça, gênero, orientação sexual, condição socioeconômica ou deficiência", salienta o levantamento.

Municípios
O levantamento também avaliou os municípios brasileiros com melhor desempenho. Os de São Paulo apresentam altas notas em vários indicadores — como no aspecto água e saneamento, em que estão entre os melhores, reflexo de investimentos contínuos em infraestrutura básica que garantem acesso a serviços essenciais à população. As cidades do Sudeste e Sul também se destacam no item moradia, com notas que chegam a 77,79, número que é acima da média do restante do Brasil.

Mas a realidade é bastante diferente em outras partes do país. Na Amazônia Legal, a situação é crítica, especialmente no que diz respeito ao acesso a serviços básicos. O componente água e saneamento apresenta notas baixas — resultado da falta de infraestrutura adequada e da dificuldade de fornecer esses serviços essenciais para uma população dispersa e que vive em áreas de difícil acesso.

O aspecto segurança pessoal também é um grande desafio. As notas são baixas em grande parte da região, onde a violência e a criminalidade significam problemas graves — sobretudo por causa do avanço das facções criminosas na Amazônia Legal.

Quando se fala de educação, os melhores resultados são encontrados em São Paulo, no Ceará e em Goiás. Já os piores verificam-se no Pará e na Bahia.

O levantamento do IPS Brasil atribui as disparidades regionais às "desigualdades históricas" e "evidenciam a necessidade de políticas públicas que possam corrigir essas diferenças". Segundo a pesquisa, o declínio do país no ranking serve de alerta para a urgência de ações coordenadas que promovam a inclusão social e o desenvolvimento sustentável.

Para chegar a esses resultados, o IPS Brasil analisou mais de 300 indicadores. Selecionou 52 dos mais relevantes, levantados por órgãos oficiais e institutos de pesquisa, como DataSUS, Conselho Nacional de Justiça, Mapbiomas, Anatel e CadÚnico. Entre os dados inéditos, estão os fornecidos pelo Mapbiomas, que incluem informações sobre áreas verdes e disponibilidade de praças.


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