Em momento posterior à minha exoneração do cargo de Diretor de Comunicação da Polícia Civil do DF, pelo governador Rodrigo Rollemberg, porque reclamei do rodízio de padrastos nos lares, postei mensagens e apelei em entrevista para que pais e mães nunca deixassem seus filhos pequenos sozinhos em casa para ir a baladas ou outras atividades.
O que uma mãe estaria fazendo na rua às 2h da madrugada para deixar seu bebê sozinho em casa? Suponho que nada justificável, exceto alguma escapada para atividade hedonista.
Na atividade policial, constatamos muito o abandono de incapaz – tanto crianças quanto idosos acamados, representando 90% das demandas das seções de Polícia Comunitária das delegacias. Nossos agentes chegam a fazer as vezes de cuidadores de idosos, ajudando a limpar crianças e velhos deitados em fezes de dias – que não me faça mentir a agente Necy Cunha, durante anos dedicada a essa missão na 6ª DP do Paranoá e Itapoã.
Note-se que grande parte dos lares é chefiada por mulheres. De acordo com dados da Codeplan, chegam a 85% as famílias comandadas pelas mães, ante a ausência dos pais.
Muitas dessas crianças são geradas em relações ocasionais, sem maiores vínculos, apenas pelo passageiro princípio do prazer, e ninguém pode dizer que isso é errado, porque as pessoas têm o direito de buscar a “felicidade” individual a qualquer custo.
Uma feminista disse, há poucos dias, que só uma mulher conhece a dor de uma gravidez indesejada, como se fosse impossível evitar a concepção, diante de tantas opções existentes no mercado. Engravidam pela pressa de fazer sexo e pelo incômodo de usar camisinha, e o bebê, negligenciado e desamado, é que deve agüentar as conseqüências para o resto da vida.
*Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF e Jornalista