Após informações divulgadas pela imprensa local de que o governo da Nicarágua teria expulsado o embaixador do Brasil no país, fontes do governo informaram ao Correio que até o momento o governo brasileiro não foi informado sobre o ocorrido. Segundo apuração da reportagem, Breno Souza da Costa, representante do Brasil, continua em Manágua, capital da Nicarágua, e segue trabalhando na embaixada.
A informação dada pelo jornal Divergentes, que cobre notícias da América Central, afirmou que o diplomata brasileiro teria sido expulso após não comparecer ao evento de 45 anos da Revolução Sandinista, marco histórico no país, em 19 de julho. Segundo o periódico centro-americano, o regime de Daniel Ortega deu ao representante brasileiro 15 dias para sair do país, enquanto Brasília manteria o silêncio sobre a expulsão “para evitar um escândalo”.
Fontes do governo federal informaram o Correio que, após a ausência de Breno Souza da Costa e embaixadores de outros países na celebração nicaraguense, o governo local teria comunicado descontentamento com a postura brasileira e chegou a indicar a possibilidade de expulsar o diplomata do país. A embaixada brasileira, por sua vez, afirmou que essa decisão cabia à Nicarágua, mas declarou que essa medida não seria a melhor forma de resolver os impasses e que preferiria que a situação fosse resolvida com diálogo.
No entanto, a Nicarágua não continuou o assunto e nem formalizou a suposta expulsão. Enquanto não há um comunicado formal, o trabalho da embaixada do Brasil segue normalmente. Também não houve menção ao prazo de 15 dias divulgado pelo jornal centro-americano.
Relação desgastada
A relação entre o presidente Lula (PT) e Ortega, aliados políticos no passado, começou a se desgastar há alguns anos, com críticas do brasileiro ao regime antidemocrático nicaraguense, e sofreu grande atrito em 2023. À época, o papa Francisco teria pedido para que Lula intercedesse na situação do bispo Rolando Álvarez, perseguido pelo governo de Ortega, que chegou a ser preso e está exilado em Roma desde janeiro.
Em entrevista, o petista revelou que o presidente da Nicarágua não atendeu telefonemas para tratar do assunto e que os dois não se falam desde essa época, em junho do ano passado.