31/07/2017 às 07h14min - Atualizada em 31/07/2017 às 07h14min

Brasil, EUA, Argentina, Colômbia e outros países condenam Constituinte da Venezuela

Governos de Argentina, Peru, Colômbia, EUA, México, Espanha e Costa Rica não irão reconhecer resultado das eleições deste domingo. Canadá e Chile também criticam violência e pedem restauração da democracia no país

G 1

Os governos da Argentina, Peru, México, EUA, Espanha e Costa Rica anunciaram neste domingo (30) que não irão reconhecer os resultados da eleição para a Assembleia Constituinte da Venezuela. Na sexta-feira, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, já havia anunciado que seu país também não reconheceria os resultados, com a justificativa de que o processo tinha “origem ilegítima”.


Os Estados Unidos se manifestaram através de sua embaixadora na ONU, Nikki Haley, que em uma mensagem no Twitter disse que "a farsa de eleição de Maduro é outro passo em direção à ditadura. Não aceitaremos um governo ilegítimo. O povo venezuelano e a democracia prevalecerão".

O México lamentou que o governo venezuelano tenha levado adianta a eleição e afirmou que não irá reconhecer seus resultados. "As medidas adotadas ao longo do dia, que semearam temor entre a população e impediram a livre manifestação pacífica e o trabalho da imprensa, refletem o nível de intolerância que prevalece em todo o país", diz um trecho de comunicado divulgado na noite deste domingo.


O Panamá, que já havia se manifestado no sábado, voltou a afirmar no domingo que não reconhecerá os resultados da eleição, que "refletem um processo viciado e cuja abstenção evidencia que não é a vontade popular".

 

Tanto as autoridades argentinas quanto as peruanas afirmam que a votação desrespeita a Constituição e a vontade do povo venezuelano, que em um plebiscito informal, em 16 de julho, votou em sua maioria contra a convocação da Assembleia Constituinte. Ambos os países também pedem a instauração de um diálogo democrático na Venezuela.
A Argentina diz que o processo é ilegal e o Peru usa o termo ilegítimo.


"O governo argentino lamenta que o governo venezuelano, ignorando os chamados da comunidade internacional, incluindo dos países do Mercosul, tenha prosseguido com a eleição de uma assembleia constituinte que não cumpre com os requisitos impostos pela Constituição desse país", diz o documento argentino.


"A eleição de hoje não respeita a vontade de mais de sete milhões de cidadãos venezuelanos que se pronunciaram contra sua realização. A Argentina não reconhecerá os resultados desta eleição ilegal", prossegue.


A nota peruana diz o seguinte:
“O governo do Peru não reconhece os resultados da eleição ilegítima realizada hoje para formar uma Assembleia Nacional Constituinte na Venezuela. Esta eleição viola normas da Constituição venezuelana e contaria a vontade soberana do povo, representado na Assembleia Nacional. Também fere o princípio de universalidade do voto e aprofunda a ruptura da nação venezuelana, rompendo a ordem democrática desse país.


O governo do Peru condena a repressão violenta que até o momento já causou mais de uma centena de mortes e exalta o governo venezuelano a garantir a pronta instalação de um autêntico dialogo nacional que permita restaurar a ordem democrática”.


Também no Twitter, o ministro das Relações Exteriores da Costa Rica, Manuel A. Gonzalez, diz que seu país é mais um que não reconhecerá os resultados.
 

Também a Espanha divulgou um comunicado lamentando a realização da eleição e diz que não irá reconhecer seus resultados. "A Assembleia resultante da votação de hoje não representa a vontade da maioria dos venezuelanos, não tem tem atribuídas faculdades legislativas que correspondem à Assembleia Nacional conforme a Constituição e não é a solução para os graves problemas de conflito político e crise humanitária que assolam o país. A Espanha não reconhecerá uma Assembleia Constituinte que não seja resultado de um amplo consenso nacional, eleita conforme as regras democráticas de voto universal livre, igual, direto e secreto. Por isso não poderá reconhecer nem dar validade ao atos jurídicos vindos desta Assembleia Constituinte", diz o texto.


Os governos brasileiro, chileno e canadense também condenaram a eleição e a violência no país e pediram diálogo e restauração da democracia na Venezuela.


Em nota, o Itamaraty pediu a suspensão da Constituinte, apesar da eleição. As autoridades brasileiras também afirmam que o governo venezuelano não respeitou o desejo de seu povo e lamentam que os pedidos da comunidade internacional para que a eleição fosse cancelada não tenham sido atendidos.


O governo chileno manifestou sua "profunda decepção" pela decisão do governo venezuelano em manter as eleições "sem as mínimas garantias para uma votação universal e democrática, nem cumprindo com os requisitos estabelecidos na própria Constituição desse país. Essa decisão ilegítima aprofundou ainda mais a divisão da sociedade vezuelana".


A nota diz ainda que a Constituinte não resolverá nenhum dos problemas da Venezuela e expressa sua firme condenação à violência no país, lembrando que por isso tem acolhido cidadãos venezuelanos que buscam proteção em sua embaixada no país.


Já o Canadá também pediu em sua nota oficial a libertação de presos políticos e chamou a eleição da Assembleia Constituinte de "ato não democrático" que irá ampliar as tensões ao roubar do povo seus direitos fundamentais.

 

"Apesar dos repetidos pedidos de membros da OEA e da comunidade internacional, incluindo o Canadá, para cancelar a assembleia constituinte, o presidente Maduro e seu governo escolheram dar outro passo no sentido de institucionalizar o comando autoritário na Venezuela", diz o documento, que é encerrado com um pedido para que o governo "honre suas obrigações internacionais e liberte imediatamente todos os presos políticos, restaure os direitos constitucionais dos venezuelanos e estabeleça um calendário eleitoral".


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