21/09/2024 às 10h03min - Atualizada em 21/09/2024 às 10h03min

Líbano: Israel bombardeia Beirute e elimina o chefe militar do Hezbollah

Ataque aéreo atinge prédio em bastião da milícia xiita, em Beirute, e elimina Ibrahim Aqil, líder da força de elite Radwan. Grupo dispara mais de 200 foguetes contra a Alta Galileia. Ministro da Defesa israelense anuncia nova fase da guerra

​Coluna de fumaça se ergue de Dahiyeh, subúrbio de Beirute e bastião do Hezbollah: bombas lançadas por caças F-35 - (crédito: AFP)

Morador de Beirute, o engenheiro de redes libanês Shady Rizk, 40 anos, foi surpreendido pelo barulho dos caças israelenses, quase no fim da tarde. "Muitos aviões sobrevoaram a capital, às 16h45 (10h45 em Brasília) desta sexta-feira (20/9). Às 16h47, escutamos quatro explosões e um enorme prédio foi destruído", contou ao Correio, por meio do WhatsApp. "No prédio, havia membros do Hezbollah. Há caos e pânico por todos os lugares. As pessoas estão nas ruas para socorrer os feridos. A situação é insuportável." Dois dias depois das explosões de pagers e walkie-talkies, Israel golpeou o bairro de Dahiyeh, o coração da milícia xiita, no sul da capital do Líbano, e matou 14 pessoas, entre elas, Ibrahim Aqil, comandante militar e membro fundador da força de elite Radwan.

Aqil era apontado pelos Estados Unidos como o responsável pelas explosões na Embaixada norte-americana em 18 de abril de 1983, quando 63 pessoas morreram, e no quartel dos fuzileiros navais, em 23 de outubro do mesmo ano, matando 241 marines.

No fim da noite desta sexta-feira (hora local), o Hezbollah confirmou a morte de Aqil. "Hoje, o comandante sênior Ibrahim Aqil (Haj Abdulganer) se uniu à procissão dos mártires, depois de uma vida abençoada cheia de luta, trabalho, feridas, sacrifícios, desafios, conquistas e vitórias. Foi apropriado para ele alcançar essa honra divina", afirmou o movimento xiita, por meio de um comunicado. "Com honra e orgulho, a resistência islâmica oferece um de seus líderes como mártir na estrada para Jerusalém e compromete-se com sua alma pura a permanecer leal às suas metas e esperanças até a vitória." O termo "estrada para Jerusalém" é usado para combatentes mortos por Israel.

O Hezbollah intensificou os ataques ao norte de Israel, ao lançar mais de 200 foguetes contra a região, ontem. "Nossas metas são claras, nossas ações falam por si mesmas", declarou o premiê israelense, Benjamin Netanyahu. O ministro da Defesa, Yoav Gallant, anunciou: "A série de operações na nova fase da guerra continuará até alcançarmos nossa meta — garantir o regresso seguro das comunidades do norte de Israel às suas casa". "Nós continuaremos perseguindo nossos inimigos para defender nossos cidadãos, mesmo em Dahiyeh, em Beirute", avisou.

Conselho de Segurança
No campo diplomático, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) reuniu-se, a pedido da Argélia, para debater as explosões de pagers e de walkie-talkies, que deixaram 37 mortos e quase 3 mil feridos. O ministro das Relações Exteriores do Líbano, Abdallah Bou Habib, acusou Israel de cometer "um método de guerra sem precedentes por sua brutalidade e seu terror". O chanceler ressaltou que os ataques desta semana foram "simplesmente terrorismo". Por sua vez, Volker Türk, alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, lembrou que o direito internacional "proíbe" o uso de artefatos explosivos que pareçam objetos "inofensivos". "É um crime de guerra cometer atos de violência destinados a semear o terror na população civil", acrescentou, durante a sessão, em Nova York.


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