15/10/2024 às 13h21min - Atualizada em 15/10/2024 às 13h21min

Procurador-geral da Venezuela acusa Lula de ser agente da CIA: 'Não é o mesmo que saiu da prisão'

Chefe do Ministério Público venezuelano, Tarek Saab é aliado do presidente Nicolás Maduro, que foi declarado vitorioso na eleição em 28 de julho sob acusações de falta de transparência. Governo Lula exigiu a publicação das atas eleitorais para reconhecer a vitória de Maduro.

Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (à esquerda), e o procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab. — Foto: Ricardo Stuckert/Federico Parra/AFP

Procurador-geral da Venezuela acusa Lula de ser agente da CIA

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, acusou o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva e do Chile, Gabriel Boric, de serem "agentes da CIA", o serviço federal de Inteligência dos Estados Unidos.
 
"Quem é o porta-voz que eles colocam dizendo as coisas mais bárbaras contra nosso país através dessa chamada 'esquerda'? O senhor Boric, que agora está acompanhado por Lula. Para mim, Lula foi cooptado na prisão. Essa é a minha teoria. (...) Parte dessa chamada esquerda cooptada pela CIA e pelos Estados Unidos na América Latina agora tem dois porta-vozes, Lula, que não é o mesmo que saiu da prisão, por tudo que acusou agora, não é o mesmo em nada: nem em seu físico, nem em como ele se expressa", disse Saab.
 
A acusação de Tarek Saab, chefe do Ministério Público venezuelano e aliado do presidente Nicolás Maduro, contra Lula é infundada e não há nenhum indício de que o presidente brasileiro tenha alguma relação dessa natureza com a CIA.
 
Com a fala durante entrevista à televisão estatal venezuelana, o procurador-geral reiterou críticas ao posicionamento de Lula sobre a eleição venezuelana, ocorrida em 28 de julho --o governante brasileiro exige a publicação das atas eleitorais para reconhecer a vitória de Maduro.
 
A Secretaria de Comunicação da Presidência disse ao g1 que não comentará a fala de Saab.

Procurador-geral da Venezuela diz que Lula é agente da CIA

Saab argumentou também que Lula se elegeu apenas porque um órgão da Justiça brasileira --no caso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)-- validou o resultado das urnas, e que o mesmo teria ocorrido na Venezuela. O mesmo argumento também foi utilizado pelo presidente da Assembleia Nacional do país, Jorge Rodríguez. Porém, as situações não são análogas: diferentemente do que acontece na Venezuela, o TSE é um órgão independente e a eleição no Brasil foi validada por observadores internacionais.
 
O presidente Maduro foi declarado vencedor da eleição na Venezuela pelo CNE, mas as atas eleitorais não foram publicadas, o que gerou protestos da oposição e da comunidade internacional, que alegaram falta de transparência. O resultado foi referendado pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) venezuelano, que proibiu a divulgação das atas.
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O Tribunal Supremo de Justiça e o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelanos são alinhados ao regime chavista e foram apontados como não independentes do governo Maduro e parciais por uma missão do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
 
Perseguição política
 
A oposição de Maduro, liderada por María Corina Machado e por Edmundo González, afirmam que González venceu o presidente no pleito e que têm provas disso. Eles publicaram as atas eleitorais de cerca de 80% das urnas do país em um site --o que rendeu investigações do Ministério Público venezuelano contra os dois e um mandado de prisão contra González.
 
Edmundo González buscou asilo político na Espanha no início de setembro, após passar um mês escondido em meio a perseguições pós-eleição do regime Maduro. Para o presidente venezuelano, González e Corina Machado têm que estar atrás das grades. No entanto, González disse que retornará à Venezuela como "presidente eleito" para posse no dia 10 de janeiro.
 
No início de outubro, o Centro Carter, organização não governamental que monitora democracias e que observou a eleição na Venezuela, apresentou as atas à Organização dos Estados Americanos (OEA) e disse que Edmundo González venceu o pleito. Anteriormente, a ONU já havia indicado segurança nas atas eleitorais divulgadas pela oposição em um relatório produzido por um painel de especialistas do órgão que também observaram a eleição. Tanto os funcionários da ONU quanto os do Centro Carter tiveram que abandonar o país após as eleições.


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