Já estão no noticiário as especulações sobre troca de ministros. Dizem que só dois não são trocáveis: o do Gabinete Civil, Rui Costa, e o da Fazenda, Fernando Haddad. Só isso deixa o governo paralisado pela expectativa da multidão de ministros recém-saída da reunião na Residência do Torto, onde ouviu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizer que é preciso baratear a mesa do trabalhador. Ele trocou a agência oficial de propaganda. Saiu Paulo Pimenta e entrou o marqueteiro Sidônio Palmeira. Não vai adiantar nada. Não adiantaria tirar Haddad e botar Paulo Guedes. Lula continuaria considerando gasto como investimento, como continuará achando que a comunicação e propaganda é a solução. Aliás, o governo não precisa de publicidade; basta oferecer bons serviços de saúde, ensino, segurança, saneamento básico e cumprimento de promessas.
A desaprovação do governo é cada vez mais ampla que a aprovação, e é o próprio Lula que causa isso, ao criar expectativas, como a da picanha ou da viagem aérea para os pobres. Quem não consegue chegar sequer à laranja e votou em Lula à espera de vida melhor, agora, sente raiva, quando o bolso e o estômago reclamam. Três pesquisas recentes mostram a desaprovação subindo e a aprovação caindo — no Nordeste, despencando. E aí, vem à lembrança de Lula contando que mentia sobre números que nem o Jayme Lerner acredita; ou lembrando as lições maternas de que a verdade engatinha, mas a mentira voa. A credibilidade que ainda restava nos eleitores se esvai e o real se desvaloriza, porque mercado e investidores já não apostam em correção do desequilíbrio fiscal.
Não adiantam jargões de fantasia, como o tal "arcabouço", criado para disfarçar que o governo Lula estava dispensando o saudável Teto de Gastos instituído no governo de Michel Temer. Sem maioria no Congresso, com esquerda em minoria (originária de eleição que elegeu presidente de esquerda), Lula quase dobrou o número de ministros, para distribuir cargos para partidos de centro e ganhar votos no Congresso, a mesma estratégia que repete com liberação de emendas, toda vez que precisa de votos parlamentares. Custa um dinheirão — a multidão de ministros e a distribuição de emendas. E só aumenta o problema, porque gera mais deficit e mais endividamento público, que geram mais inflação e maior taxa de juros. E quem sofre são os mais pobres, tidos como os eleitores de Lula. É um círculo vicioso.
E Lula vai repetindo as falas que geram as frustrações de seus eleitores, agora os do Nordeste, assim como os erros que ele crê serem apenas "de comunicação". Anunciou que se exporia mais e passou a expor o ministro do Gabinete Civil, Rui Costa, que inaugurou suas falas mencionando intervenções no mercado e teve que desmentir. Depois veio a laranja… de laranjais que o MST devastou com trator. Antes fora o desgaste do Pix, destinado a enquadrar no Imposto de Renda os informais menores. Depois, veio a ideia de baratear alimentos, transformando o vencimento em mera sugestão. Lula chamou Donald Trump de nova cara do nazismo e fascismo, referência já feita ao agro, garantidor de nossa balança de pagamentos. Sua mulher ainda completou com o fuck you Elon Musk, referindo-se ao braço direito do presidente dos Estados Unidos. Agora, o TCU suspende o Pé-de-Meia, suspeito de ser uma pedalada de 6 milhões, o que já provocou coleta de mais de 100 assinaturas para impeachment. Isso porque ainda não apareceu o dólar no combustível. O Lula 3 vai mal. E não é o governo, é o chefe do Executivo que é a origem da perda de rumo, com improvisos corretivos anacrônicos que só fazem piorar a desorientação, num círculo vicioso. O problema do governo é Lula.