Na entrevista coletiva que concedeu após anunciar a edição de uma ordem executiva para que assessores planejem a aplicação de tarifas recíprocas a produtos de outros países que cobram taxas elevadas de itens americanos, o presidente dos EUA, Donald Trump, repetiu uma ameaça direta aos países emergentes do Brics.
O grupo é capitaneado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e recentemente ganhou novos membros do mundo em desenvolvimento: Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Etiópia e Egito.
Questionado sobre os planos dos países do Brics de intensificar trocas comerciais sem usar o dólar americano como referência criando uma moeda comum, Trump repetiu que retaliaria duramente o grupo com tarifas comerciais de "ao menos" 100% sobre produtos do bloco importados pelos EUA. Ele afirmou que não admitiria que os países emergentes "brincassem com o dólar".
— Eles (Brics) voltarão implorando, dizendo "não faça isso". O Brics está morto desde que mencionei (que taxaria em 100% os países se levassem adiante a ideia de substituir o dólar por uma moeda comum, ainda no ano passado) — afirmou o republicano.
No ano passado, a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco de desenvolvimento dos Brics, Dilma Rousseff, criticou o que classificou de “uso do dólar como arma” e defendeu alternativas.
Em um documento divulgado hoje, o governo brasileiro reafirma a discussão sobre o uso de moedas locais em transações comerciais entre países do bloco sejam feitas em moedas locais como uma das prioridades para este ano, quando o Brasil preside o grupo, informou o g1.
Além de mencionar o Brasil no documento que sustentou o anúncio de tarifas recíprocas de Trump, o texto também apontava a Índia como um dos alvos de suas medidas, afirmando que o país do primeiro-ministro Nahendra Modi, que visita Washington hoje, "taxa em 100% motocicletas americanas enquanto nós somente aplicamos 2,4% de tarifa sobre as motocicletas indianas".
O presidente americano afirmou que empresas indianas poderiam evitar tarifas produzindo nos EUA, que ganhariam mais empregos, na visão dele.