Ex-presidente Rodrigo Duterte é preso por crimes contra a humanidade

O ex-presidente Rodrigo Duterte, será enviado ao Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia em um voo noturno após a prisão por crimes contra a humanidade em sua guerra contra as drogas

12/03/2025 06h45 - Atualizado há 11 horas

Rodrigo Duterte deverá responder por crimes contra humanidade após a guerra contra as drogas nas Filipinas - (crédito: JAM STA ROSA / POOL / AFP)

O ex-presidente das Filipinas Rodrigo Duterte foi preso nesta terça-feira (11/3) ao chegar ao aeroporto internacional de Manila. A polícia agiu com base em um mandado do Tribunal Penal Internacional (TPI) vinculada à guerra mortal contra o narcotráfico, informou o palácio presidencial do arquipélago asiático. 

"Durante a manhã, a Interpol Manila recebeu a cópia oficial do mandado de prisão do TPI", afirma um comunicado presidencial. "No momento, (Rodrigo Duterte) está sob custódia das autoridades", acrescenta a nota.

O ex-governante de 79 anos enfrenta uma acusação do TPI de "crimes contra a humanidade por assassinato" pela política antidrogas que, segundo grupos de defesa dos direitos humanos, matou dezenas de milhares de pessoas, a maioria homens pobres, muitas vezes sem evidências de vínculos com o narcotráfico.

O comunicado de Manila acrescenta que "o ex-presidente e seu grupo estão com boa saúde e estão sendo examinados por médicos do governo".

Duterte exigiu conhecer a base jurídica de sua detenção, em um vídeo publicado na conta de Instagram de sua filha mais nova, Veronica.https://correiodesantamaria.com.br/noticia/27584/definido-novo-fluxo-tratamento-denncias-violaes-direitos

"Qual é a lei e qual o crime que cometi? Mostrem agora a base legal para que eu esteja aqui", declarou no vídeo.

"Fui trazido para cá não por minha própria vontade, mas de outra pessoa... vocês têm que responder

O local de gravação do vídeo não foi revelado, mas o partido de Duterte divulgou uma foto que indica que ele estava detido na Base Aérea Villamor, ao lado do aeroporto de Manila.

Duterte foi detido no aeroporto da capital após uma rápida viagem a Hong Kong.

Em um discurso no domingo para milhares de trabalhadores filipinos em Hong Kong, o ex-presidente criticou o processo contra ele e chamou os investigadores do TPI de "filhos da puta", embora tenha afirmado que "aceitaria" a detenção.

As Filipinas abandonaram o TPI em 2019 por ordem de Duterte, mas o tribunal manteve a jurisdição sobre o caso das chacinas, assim como em outro caso de assassinatos na cidade de Davao (sul do país) quando Duterte era prefeito, três anos antes de tomar posse como presidente.

Duterte recebeu um apoio velado da China, que, por meio de um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, fez um apelo para que o TPI "exerça seu poder com prudência, em conformidade com a lei, e evite a politização e padrões duplos".