Médicos cogitaram interromper tratamento para o papa 'morrer em paz'

Após 38 dias internado, o papa recebeu alta no domingo (23/3). Seu médico relatou dilemas entre tentar todas as terapias possíveis ou deixar o papa morrer em paz

26/03/2025 07h33 - Atualizado há 5 dias
Médicos cogitaram interromper tratamento para o papa morrer em paz
- (crédito: Tiziana FABI/AFP)

O Papa Francisco acena de uma janela do hospital Gemelli antes de receber alta após cinco semanas de internação por pneumonia, em Roma, em 23 de março de 2025 .

A gravidade do quadro de pneumonia do papa Francisco, 88 anos, foi tamanha que, além de ficar internado por 38 dias, os médicos cogitaram interromper o tratamento. Essa ideia, de acordo com o comando da equipe médica do pontífice, faria com que ele morresse "em paz". 

"Pela primeira vez vi lágrimas nos olhos de algumas pessoas ao seu redor. Pessoas que, percebi durante esse período de internação, o amam sinceramente, como um pai. Estávamos todos cientes de que a situação havia piorado ainda mais e que havia um risco real de que ele não sobrevivesse", disse o médico Sergio Alfieri.

O papa recebeu alta do hospital Gemelli de Roma no domingo (23/3). Alfieri, que esteve ao lado de Francisco durante toda a internação, concedeu entrevista ao jornal italiano Corriere Della Serra, nesta terça-feira (25/3). De acordo com o médico, a internação para o tratamento contra a pneumonia não tirou a consciência do pontífice.

"Mesmo quando sua condição piorou, ele estava totalmente consciente. Aquela noite foi terrível. Ele sabia, assim como nós, que talvez não sobrevivesse àquela noite. Vimos que estava sofrendo. Mas desde o primeiro dia ele nos pediu para lhe contar a verdade", detalhou.

Momento da escolha

A decisão entre deixar o papa morrer em paz ou forçá-lo a tentar todos os medicamentos e terapias possíveis foi constantemente ponderada durante os 38 dias de internação do pontífice.

Na entrevista ao jornal italiano, o médico Sergio Alfieri detalhou este momento: "Tivemos que escolher entre parar e deixá-lo ir, ou forçá-lo e tentar todos os medicamentos e terapias possíveis, correndo o risco muito alto de danificar outros órgãos. No final nós tomamos esse caminho (tentar medicamentos e terapias possíveis)", disse.

Essa decisão, ainda segundo Alfieri, foi tomada junto ao assistente pessoal do papa, Massimiliano Strappetti. "Tente de tudo, não desista'. Foi o que todos nós pensamos também. E ninguém desistiu", endossou o assistente do pontífice ao médico Alfieri.

Orações e bom humor

Durante a entrevista ao jornal italiano, Sergio Alfieri também enalteceu o poder das orações e o bom humor do papa na recuperação do pontífice. "Ele costuma dizer: 'Ainda estou vivo'. 'Não se esqueça de viver e manter o bom humor'. Ele (o papa) tem um corpo cansado, mas a mente é a de um homem de 50 anos".


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