O julgamento em que a Primeira Turma do STF tornou Jair Bolsonaro réu, junto com sete aliados acusados pela tentativa de golpe de estado em 2022, foi marcado por um debate polarizado e a atuação de robôs em 31% das mensagens incluindo a hashtag #EleicaoSemJBEGolpe.
A conclusão é de uma análise da AM4 Brasil Inteligência Digital a partir de 90 mil menções às sessões do Supremo, captadas entre os dias 24 e 31 de março. As mensagens estavam publicadas nas plataformas X (antigo Twitter; 47% delas), no Instagram (37%) e no Facebook (16%).
Na base de apoio a Bolsonaro no X, a tag #EleicaoSemJBEGolpe ganhou tração em referência à inelegibilidade do ex-presidente para o pleito de 2026 — já definida pela Justiça Eleitoral, independentemente da avaliação do STF no caso do golpe. De acordo com a AM4, essa bandeira chegou a angariar mais de 54 mil menções no dia 25 de março, às 14h30m, tornando-se a mais repetida no X naquele momento. A decisão do STF seria proferida no dia seguinte.
Na amostra analisada, porém, o levantamento encontrou indícios de automação: isso é, de bots programados para repetir publicações à exaustão. Do total de menções à tag, a parcela de 31% envolveu padrões de compartamento como linguagem reduzida e baixa interação. Além disso, para a AM4, 23% dos posts dessa leva eram críticos a Bolsonaro, em resposta a seus apoiadores.
A polarização ficou nítida, segundo a AM4, diante de uma parcela de 18% das publicações em que a responsabilização de Bolsonaro e de seu grupo era citada como necessária para o país (feitas por comunicadores, ativistas e demais cidadãos). A neutralidade mobilizou 19% dos conteúdos.
Entre os termos que mais se repetiram nas conversas analisadas, estavam, segundo o levantamento, “como votou cada ministro”; “STF” e “Bolsonaro réu”. Tiveram destaque também os ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Flávio Dino — os mais visados pelo bolsonarismo.
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