Durante audiência no Supremo Tribunal Federal (STF) como testemunha, o senador e ex-vice-presidente da República Hamilton Mourão (Republicanos-RS) ressaltou que não tinha a menor necessidade de ele ser monitorado por qualquer pessoa no governo, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Mourão foi questionado pelo ministro Alexandre de Moraes se a informação que consta nas investigações e na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) fazia sentido.
Moraes perguntou: “Há uma prova juntada nos autos e depoimentos de que o coronel Marcelo Câmara, então assessor especial da Presidência da República, que eles estariam monitorando o sr. porque temiam que o sr. viesse até São Paulo se encontrar comigo. Nós dois sabemos que o sr. nunca veio a São Paulo se encontrar comigo. O sr. ficou sabendo desse monitoramento?”.
Mourão ressaltou que não. Disse que não via motivos para ser monitorado porque não é bandido e não tem nada a esconder. “Não fiquei sabendo, ministro. Não me preocupei com isso porque meus atos eram todos públicos. Até porque se eu fosse me encontrar com o sr. eu diria ao presidente (Bolsonaro). Não temos nada a esconder, não somos bandidos”, analisou.
Estado de exceção
Mourão ainda afirmou ao STF que nunca participou de nenhuma reunião discutindo estado de exceção após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022. Mourão depõe como testemunha em ação que trata de suposta tentativa de golpe.
Mourão é testemunha de defesa conjunta. Por isso, também depõe como indicado pelas defesas de Jair Bolsonaro e dos generais Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, abriu a sessão de depoimento de Mourão na tarde desta sexta-feira (23/5). O responsável por fazer as primeiras perguntas foi o advogado do general da reserva Augusto Heleno, Matheus Milanez. Ele questionou se Mourão participou de alguma reunião com seu cliente que tratasse de estado de exceção.
“Não participei de nenhuma reunião que discutisse minuta de estado de exceção”, respondeu Mourão. Estado de exceção é uma situação jurídica e política em que direitos e garantias constitucionais são temporariamente suspensos para lidar com crises graves que ameaçam a ordem pública ou a democracia.