A confirmação do parcelamento de salários para servidores do GDF que ganham acima de R$ 7,5 mil desagradou o funcionalismo público local. Após a coletiva de imprensa na qual o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) anunciou a medida, na tarde desta terça-feira (22/8), sindicalistas subiram o tom e prometeram lutar contra a decisão tomada pelo Governo do DF. Uma das ações cogitadas é a judicialização do caso.
É uma notícia muito triste. Os servidores têm compromissos e contam com o salário para pagar as dívidas. Como vão dividir a conta de luz, de água, o aluguel? Só nos resta bater à porta da Justiça para garantir os direitos dos trabalhadores"
Ibrahim Yusef, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Civis da Administração Direta, Autarquias, Fundações, e Tribunal de Contas do DF (Sindireta-DF)
O Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF) também afirmou que analisará a possibilidade de entrar na Justiça. Para Samuel Fernandes, diretor da entidade, a medida é parte de uma tática do Executivo local para dificultar a reação dos servidores: “Eles querem dividir os trabalhadores para diminuir nossa capacidade de resposta. O objetivo do GDF é criar um caos para poder retirar direitos do servidor”, afirma.
De acordo com o Palácio do Buriti, o fatiamento dos salários deve atingir 22% dos servidores do funcionalismo público local. Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos do DF (Sindmédico-DF), Gutemberg Fialho, boa parte da categoria será afetada pela medida. “O governo, ao invés de fazer ações para aumentar a arrecadação e diminuir a evasão fiscal, decide parcelar o salários dos servidores. A cada dia, o governador se aperfeiçoa na arte de surpreender negativamente”, afirma.
Já para a presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do DF (SindSaúde-DF), Marli Rodrigues, a maioria dos trabalhadores da categoria não será afetada pelo parcelamento. “Nosso teto é bem menor que os R$ 7,5 mil estipulados pelo governo para a divisão do salário”, afirma.
A sindicalista, no entanto, reclama da novidade: “É estranho que o GDF venha, no terceiro ano de gestão, fazer esse parcelamento alegando falta de recursos, sendo que houve aumento na arrecadação. Acho que eles estão tentando tirar o foco da criação do Instituto Hospital de Base“, alega.
Na noite desta terça (22), diversas categorias do serviço público do DF farão uma reunião para discutir a situação atual da gestão local, e devem debater também medidas de enfrentamento ao governo. O encontro deve contar ainda com a participação de entidades civis.
Parcelamento
Segundo o anúncio feito pelo GDF nesta terça (22), os servidores da ativa, aposentados e pensionistas que ganham até R$ 7,5 mil receberão a remuneração integral no quinto dia útil. Já os que recebem mais que isso terão esse valor do salário depositado na mesma data. O restante deve ser repassado aos trabalhadores no 15º dia útil. A medida já começa a valer no próximo mês.
A única possibilidade para evitar o fatiamento, segundo o governador, é se o governo federal repassar ao DF o que deve de compensação previdenciária (R$ 791 milhões) e se pagar a retenção da contribuição previdenciária dos servidores que recebem salário por meio de recursos do Fundo Constitucional (R$ 380 milhões). Outro fator fundamental, segundo o Buriti, é que a Câmara Legislativa aprove uma reforma da Previdência local.
O parcelamento dos salários é o mais novo ponto de embate entre o GDF e o funcionalismo público local. No início do mês, o governo já havia admitido que, até o fim da gestão, não conseguiria pagar a terceira parcela do reajuste concedido aos servidores em 2013. O aumento salarial deveria ser depositado em setembro de 2015 mas, até hoje, não foi quitado.