Aposentado investe todas as economias, sofre golpe e, aos 74 anos, faz faxina em mansões para sobreviver

Firma de investimentos desapareceu com dinheiro de clientes, a maioria deles pensionistas, em golpe que atingiu inglês que vive na Espanha

16/06/2025 08h49 - Atualizado há 23 horas
Aposentado investe todas as economias, sofre golpe e, aos 74 anos, faz faxina em mansões para sobreviver
Daily Mail/não usar - faxineiroReprodução/Daily Mail

Após anos de trabalho, Alan Brozel realizou seu sonho de aposentar-se aos 50 anos e conseguiu substituir sua vida em Londres por uma casa de praia na região de Costa Blanca, no litoral da Espanha.

Entretanto, 25 anos depois, ele se encontra com 74 anos e trabalha como faxineiro em residências de temporada e cuida de animais de estimação, além de dar caronas para amigos até o aeroporto para conseguir pagar as contas no fim do mês.

É uma vida bem diferente daquela aposentadoria luxuosa, com direito a viagens internacionais, que ele e a mulher Paulene planejaram quando saíram da Inglaterra nos anos 2000. A história de Brozel foi publicada pelo diário britânico Daily Mail.

Alan, pai de dois filhos adultos, agora vive em uma casa simples de dois quartos na cidade espanhola de Gata de Gorgos. Foi uma das centenas, senão milhares, de britânicos expatriados — quase todos aposentados — que sofreram um golpe de 34 milhões de euros (R$ 217 milhões, na cotação atual) pela empresa de investimentos Continental Wealth Management.

Ele investiu as economias de toda uma vida — 150 mil libras (aproximadamente R$ 1,227 milhão, na cotação atual) — em uma previdência privada da Continental, que prometia utilizar o valor como reserva de segurança para o casal. A empresa afirmou que aplicaria o montante em ativos de baixo risco, como ouro e prata.

Após a falência da companhia, que não possuía a documentação adequada para operar, em setembro de 2017, Alan descobriu que sua assinatura havia sido forjada em documentos que autorizavam o investimento do dinheiro em aplicações de alto risco.

Ele disse ao tabloide britânico: “Era toda minha aposentadoria. Eu só trabalhei para algumas empresas, e eles investiram de forma que as economias aumentassem de forma substancial.”

“Eu disse a eles que não queria correr riscos com meu dinheiro, eles prometeram ativos de baixo risco e usaram minha assinatura para investir em alto risco”, completou.

Jody Smart, uma ex-modelo que virou dona de bar, foi a única diretora da companhia a ser processada. Ela foi condenada por fraude no último mês.

Férias ao redor do mundo?

“A ideia era deixar de trabalhar e tirar férias ao redor do mundo, e o dinheiro investido iria cobrir isso. Agora, tenho 74 anos e estou limpando mansões e cuidando de cachorros em nossa casa — e não posso parar. Paulene ainda trabalha também.”

Alan, que teve vários empregos no Reino Unido, atuando no setor de logística e na venda de aparelhos elétricos, investiu o dinheiro em 2009 e disse que tudo parecia correr bem no início, com os primeiros pagamentos sendo feitos a cada três meses. Mas, após alguns anos, os repasses começaram a atrasar ou chegavam em valores menores do que o combinado.

Em setembro de 2017, ele recebeu a notícia de que a Continental Wealth Management havia falido e levado todo o seu dinheiro.

Após anos de disputas judiciais, uma diretora da CWM, Jody Smart, foi condenada por fraude — com apenas duas vítimas da empresa relatadas no processo. Smart foi o único membro da diretoria a ser processado. O secretário da empresa de investimentos, Alan Gorringe, morreu antes do julgamento começar, e o diretor Patrick Kirby está foragido.

Alan não foi uma das vítimas listadas no processo e desistiu de tentar reaver o dinheiro. Para piorar, ficou tão convencido da imagem profissional da CWM que a recomendou a diversos amigos — e um deles seguiu o conselho.

Um tribunal em Alicante ordenou que Jody Smart — agora Jody Pearson — pague um montante combinado de 370 mil euros a duas vítimas (R$ 2,370 milhões, na cotação atual).

Ela também foi condenada a três anos e meio de prisão, mas pode recorrer em liberdade.

O golpe uniu a comunidade de expatriados na Espanha em ações legais contra os antigos diretores da CWM.

Jody Smart se descreve como organizadora de casamentos na Oceana Weddings, que oferece pacotes de viagem para casais britânicos. Suas redes sociais mostram um estilo de vida luxuoso em destinos como Grécia, Veneza e Tailândia.

As vítimas acreditam que Jody usou o dinheiro roubado para fundar a nova empresa de casamentos — uma alegação que a ex-diretora nega.

Os advogados de Smart comunicaram ao jornal Olive Press que é “incerto” se sua cliente irá cumprir pena, mas admitiram que ela pagará 370 mil libras a dois “credores”. Ainda defenderam o estilo de vida luxuoso da cliente como “fruto de anos de trabalho duro”. Insistiram que não deveria haver “contestações sobre como minha cliente gasta seu dinheiro” e que a empresa de casamentos Oceana “é um negócio que gera empregos e não possui relação com o processo”.

 


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