Após mais de três semanas em greve, as aulas no Distrito Federal retornarão oficialmente nesta quinta-feira (26/6) em todas as escolas públicas da capital. Os professores decidiram, em assembleia promovida nesta quarta-feira (25/6), aceitar as propostas do GDF e encerrar a paralisação. O acordo inclui medidas como a convocação de novos servidores, reestruturação da carreira e pagamento integral dos dias descontados.
Segundo o Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), mais de cinco mil profissionais da educação participaram da assembleia. Apesar da ampla participação, a votação foi marcada por tensão e divisão de opiniões. Parte dos trabalhadores considerou a proposta insuficiente e protestou contra a decisão de retorno às atividades. Cartazes foram queimados e houve gritos de “traição” voltados à direção sindical.
Entre os compromissos firmados pelo GDF, está a nomeação de pelo menos três mil professores e orientadores educacionais aprovados no concurso público, com início das convocações previsto para o segundo semestre de 2025 e conclusão até dezembro. O governo também se comprometeu a prorrogar a validade do concurso atual, que vencerá em 27 de julho de 2025, o que permitirá chamadas futuras.
Conforme a diretora do Sinpro, Letícia Montandon, as demandas dos docentes envolviam a reestruturação da carreira, nomeações, entre outras. Ela confirmou o retorno às aulas hoje. "Ainda falta muito (a ser alcançado). A reestruturação da carreira, que tem o achatamento dos padrões, o aumento do percentual entre os padrões para 2%. Ela tem a aplicação do índice de 19,8%, tudo isso na perspectiva da meta 17, que é a isonomia das carreiras. Mesmo nomeando três mil pessoas, vão restar ainda umas três mil no banco. Então, são seis mil pessoas que aguardam", frisou.
Valorização
A greve foi deflagrada em 2 de junho, após a categoria rejeitar a proposta inicial do governo. Ao longo das três semanas de paralisação, os professores realizaram atos em frente ao Palácio do Buriti, na Câmara Legislativa e em outros pontos de Brasília. A principal pauta da mobilização era a reestruturação da carreira, promessa que, segundo o Sinpro, já havia sido firmada em 2022, mas não foi cumprida.
Com o encerramento do movimento, apesar do retorno às aulas, parte dos profissionais promete seguir mobilizada. O professor Fredson Rodrigues, 56, também participou da assembleia. Para ele, a luta não é só por salário, mas por respeito e reconhecimento. “Não é só por mim. Luto por quem está começando agora e pelos que ainda vão chegar. A gente quer valorização de verdade”, afirmou, empunhando uma bandeira com os principais pedidos da categoria.