'Assassino do Twitter' que guardava cabeças de vítimas é executado no Japão

Takahiro Shiraishi entrava em contato com suas vítimas nas redes sociais e as atraía para seu apartamento.

28/06/2025 07h29 - Atualizado há 1 dia
'Assassino do Twitter' que guardava cabeças de vítimas é executado no Japão
'Assassino do Twitter' que guardava cabeças de vítimas é executado no Japão - (crédito: BBC Geral)

O governo do Japão executou um homem que assassinou nove pessoas em 2017 — a primeira vez desde 2022 que o país utiliza a pena de morte contra alguém.

Os assassinatos em série cometidos por Takahiro Shiraishi, apelidado de "assassino do Twitter", chocaram o país e geraram um debate sobre como o suicídio é discutido online.

Shiraishi, então com 30 anos, atraiu suas vítimas — a maioria delas do sexo feminino, entre 15 e 26 anos — para seu apartamento, antes de estrangulá-las e desmembrá-las.

Os assassinatos vieram à tona em outubro de 2017, quando a polícia encontrou partes de corpos no seu apartamento na cidade de Zama, perto de Tóquio, enquanto procuravam por uma das vítimas.

Aviso: Os leitores podem achar alguns detalhes desta história perturbadores.

Shiraishi mais tarde admitiu ter assassinado nove vítimas e revelou que as conheceu no Twitter, a plataforma de mídia social agora conhecida como X. As vítimas teriam manifestado a intenção de se suicidar.

Ele disse que poderia ajudá-las a morrer e, em alguns casos, afirmou que se mataria junto com elas.

Seu perfil no Twitter continha as seguintes palavras: "Quero ajudar pessoas que estão realmente sofrendo. Por favor, me enviem uma mensagem direta a qualquer momento."

Nove corpos desmembrados foram encontrados em refrigeradores e caixas de ferramentas quando os policiais visitaram seu apartamento.

A mídia japonesa chamou o lugar de "casa dos horrores" depois que os investigadores descobriram nove cabeças junto a um grande número de ossadas com braços e pernas escondidos em refrigeradores e caixas de ferramentas.

Os promotores pediram a pena de morte para Shiraishi, mas seus advogados defendiam a acusação menor de "assassinato com consentimento", alegando que suas vítimas haviam dado permissão para serem mortas.

Os advogados também pediram uma avaliação de seu estado mental.

Mais tarde, Shiraishi contestou a versão dos eventos apresentada por sua própria equipe de defesa e disse que matou sem o consentimento das vítimas.

Centenas de pessoas compareceram à audiência do veredito em dezembro de 2020, quando ele foi condenado à morte.

Os assassinatos também provocaram uma mudança no Twitter, que alterou suas regras para declarar que os usuários não devem "promover ou encorajar suicídio ou automutilação".

O ministro da Justiça do Japão, Keisuke Suzuki, que disse ter ordenado a execução de Shiraishi, afirmou que o assassino agiu "pela razão genuinamente egoísta de satisfazer seus próprios desejos sexuais e financeiros", de acordo com uma reportagem da AFP.

O caso "causou grande choque e ansiedade à sociedade", disse Suzuki.

O pai de uma vítima que tinha 25 anos disse ao tribunal em 2020 que nunca perdoaria Shiraishi, "mesmo se ele morrer", segundo a emissora japonesa NHK.

"Mesmo agora, quando vejo uma mulher da idade da minha filha, eu a confundo com minha filha. Essa dor nunca vai embora. Devolvam ela para mim", ele disse.

Os assassinatos chocaram o Japão, desencadeando um novo debate sobre sites onde o suicídio é discutido.

Na época, o governo indicou que poderia criar novas leis sobre o tema.

*Caso seja ou conheça alguém que apresente sinais de alerta relacionados ao suicídio, ou caso você tenha perdido uma pessoa querida para o suicídio, confira alguns locais para pedir ajuda:

- O Centro de Valorização da Vida (CVV), por meio do telefone 188, oferece atendimento gratuito 24h por dia; há também a opção de conversa por chat, e-mail e busca por postos de atendimento ao redor do Brasil;

- Para jovens de 13 a 24 anos, a Unicef oferece também o chat Pode Falar;

- Em casos de emergência, outra recomendação de especialistas é ligar para os Bombeiros (telefone 193) ou para a Polícia Militar (telefone 190);

- Outra opção é ligar para o SAMU, pelo telefone 192;

- Na rede pública local, é possível buscar ajuda também nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) 24h;

- Confira também o Mapa da Saúde Mental, que ajuda a encontrar atendimento em saúde mental gratuito em todo o Brasil.

- Para aqueles que perderam alguém para o suicídio, a Associação Brasileira dos Sobreviventes Enlutados por Suicídio (Abrases) oferece assistência e grupos de apoio.


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