De acordo com o secretário de Transporte e Mobilidade, Zeno Gonçalves, é importante que a população conheça o diagnóstico e participe do projeto de atualização do PDTU
O relatório sobre a situação atual do transporte e da mobilidade do DF foi apresentado à população neste sábado (5), durante a segunda audiência pública sobre o Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU), realizada pela Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob-DF), no auditório do DNIT. O documento completo, chamado de diagnóstico, contém mais de 300 páginas e está disponível para consultas e análise no link https://sistemas.df.gov.br/PDTU/.
De acordo com o secretário de Transporte e Mobilidade, Zeno Gonçalves, é importante que a população conheça o diagnóstico e participe do projeto de atualização do PDTU, que está em discussão juntamente com a elaboração do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável (PMUS) .
"Nas pesquisas de campo e nas oficinas que foram realizadas em todas as regiões administrativas, a população nos ajudou a entender como está a mobilidade hoje, com informações sobre como as pessoas se deslocam, quais dificuldades enfrentam e o que precisa mudar. Agora esse diagnóstico está sendo apresentado ao público para que, numa nova etapa também com a participação popular, possamos elaborar um plano que sirva de direção para o GDF realizar as obras e serviços necessários ao desenvolvimento da mobilidade urbana no DF nos próximos dez anos", disse o secretário.
De acordo com o diagnóstico, o Distrito Federal registrou um crescimento populacional de 19% entre 2011 e 2024, passando de 2,6 milhões para 3,1 milhões de habitantes, enquanto o número de viagens diárias mais que dobrou, de 3,3 milhões para 6,2 milhões. Esse aumento expressivo revela uma elevação nas viagens por pessoa, que passaram de 1,27 por dia, em 2011, para 2 viagens/dia em 2024.
Os dados mostram que o crescimento das viagens diárias está vinculado ao aumento populacional, mas também à ampliação da frota de carros e às mudanças nos padrões de deslocamento da população. Em 2011, o Distrito Federal contava com 1,1 milhão de carros; em 2024, o número saltou para 1,7 milhão, acompanhando o crescimento das viagens realizadas por carros particulares, de 39% para 46% no período. Esse aumento na frota de automóveis impacta o trânsito e também a mobilidade urbana, além de alterar as dinâmicas de transporte no DF.
A quantidade atual de acessos no transporte público coletivo, ônibus e metrô, é de 1,4 milhão de viagens por dia. Devido ao crescimento populacional, houve uma redução percentual do transporte coletivo na matriz transportes, de 32% em 2011 para 22% em 2024, mas os dados demonstram que houve recuperação do transporte público aos níveis de antes da pandemia.
Acessibilidade e ciclovias
A audiência pública do PDTU durou mais de três horas. Além da apresentação do diagnóstico, a equipe técnica recebeu novas contribuições e respondeu aos questionamentos da população. O vice-presidente do Sindicato dos Auditores, Artur Carlos Moraes, destacou a importância de um plano inclusivo e de melhorias na acessibilidade. “Precisamos criar políticas públicas ouvindo as pessoas que serão beneficiadas”, afirmou.
A coordenadora dos estudos do PDTU, engenheira Fernanda Mallon, esclareceu que na pesquisa de origem e destino realizada por meio de entrevistas com cidadãos, houve coleta de dados e informações sobre os deslocamentos de pessoas com deficiência. “Temos informações que estão sendo avaliadas pela equipe técnica e fazem parte da nossa estratégia de propostas, pensando numa acessibilidade universal”, garantiu.
De acordo com a engenheira, os estudos levam em conta que todo usuário de qualquer modo de transporte é, antes de tudo, um pedestre e vai utilizar a infraestrutura de pedestres na cidade. Por isso, são considerados diversos pontos de acessibilidade e modos ativos de transporte.
“A gente tem trabalhado também com a questão da redução de velocidade em algumas vias, a questão das ciclovias, e a integração entre transporte coletivo e os modos ativos, que permitem que as pessoas consigam acessar o transporte coletivo de locais um pouco mais distantes, por exemplo, com uso de bicicletas. E aí, claro, precisa de estrutura não só de circulação, mas também de estacionamento para essas bicicletas, tanto nos terminais e nos pontos de parada, quanto nos comércios e nas estações de trabalho. Então isso é importante, a gente está também traçando estratégias pensando nisso”, afirmou.