Galípolo defende reformas para controlar a inflação com juros baixos

Em audiência na Câmara, presidente do BC afirma que não tem "bala de prata" e que política monetária sozinha não basta; ele cobra medidas estruturais para enfrentar os desafios da economia brasileira

10/07/2025 09h08 - Atualizado há 17 horas
Galípolo defende reformas para controlar a inflação com juros baixos
Galípolo: "Não vai ter uma bala de prata, não vai ter uma vitória por ippon. A gente vai ter que fazer uma série de medidas" - (crédito: Fernanda Strickland/ CB )

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quarta-feira (9/7) que o Brasil precisará adotar “uma série de medidas” coordenadas para garantir um ambiente econômico com inflação sob controle e juros estruturalmente mais baixos.

Durante audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, Galípolo rejeitou soluções simplistas para a atual conjuntura e destacou que o país enfrenta desafios específicos que exigem respostas estruturais.

“Não vai ter uma bala de prata, não vai ter uma vitória por ippon. A gente vai ter que fazer uma série de medidas”, declarou. Segundo ele, a política monetária sozinha não será suficiente para enfrentar os gargalos que mantêm o Brasil em um ciclo de juros elevados e inflação persistente.

Apesar de sucessivas altas da taxa Selic nos últimos anos, Galípolo reconheceu que os efeitos dessa política são reduzidos por mecanismos que garantem o acesso ao crédito a taxas subsidiadas ou com menor custo. “Essas vacinas são compreensíveis, têm um papel social relevante, mas acabam limitando a efetividade do aperto monetário”, afirmou.

O presidente do BC argumentou que a “normalização da política monetária” exige um esforço nacional e reformas que extrapolam a alçada do BC.

Inflação resiliente

Em apresentação aos parlamentares, Galípolo alertou que a inflação no Brasil segue acima da meta e continua disseminada entre diversos setores da economia. Ele destacou que o mercado de trabalho permanece aquecido e vem surpreendendo, o que contribui para a pressão sobre os preços.

Apesar disso, o chefe da autoridade monetária pontuou que a valorização do real em 2025, mais intensa que a de moedas de países comparáveis, foi impulsionada pelo chamado carry trade — estratégia de investidores estrangeiros que se beneficiam da alta rentabilidade da moeda brasileira em função dos juros elevados.

“Queremos conviver com uma taxa de juros que produza o mesmo efeito de controle da inflação, porém em um patamar mais próximo dos nossos pares”, destacou.


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