17/09/2017 às 07h45min - Atualizada em 17/09/2017 às 07h45min
A PROBLEMÁTICA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Victoria Angelo Bacon
Em seu último estudo em forma de relatório a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre os gastos do Brasil com educação apontou uma tendência em que o Brasil gastou muito além em ensino superior e deixou aquém a educação básica. Convenhamos o retrato deveria ser o inverso.
O estudo analisa os sistemas educacionais dos 35 países que integram a OCDE – a grande maioria desenvolvidos – e de 10 outros países em desenvolvimento, como China e África do Sul. Segundo o estudo, cujos dados se referem a 2014 e 2015, os gastos com educação totalizaram 4,9% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, enquanto a média dos países da OCDE foi de 5,2% do PIB, no período. Em outras palavras, o Brasil gastou em educação quase o mesmo que os países desenvolvidos, mas gastou mal, como evidenciam as altas taxas de repetência e evasão.
O estudo revela que entre 2014 e 2015 a despesa média do Brasil com estudantes universitários foi de US$ 11,7 mil por ano – um valor próximo do que foi gasto pela Itália (US$ 11.550), Estônia (US$ 12.300) e Espanha (US$ 12.489). Entre os países da OCDE, a média geral foi de US$ 16.143. Já com os alunos do primeiro ciclo do ensino fundamental, o gasto médio do Brasil foi de US$ 3.800 por ano, o que representa menos da metade do valor médio desembolsado por ano pelos países da OCDE, que foi de US$ 8.700 no período analisado.
Entre os países estudados o que mais investiu em ensino fundamental foi Luxemburgo, com um gasto médio anual de US$ 21,2 mil por aluno. Entre os países analisados pela OCDE, apenas seis gastaram menos do que o Brasil com alunos na faixa etária de dez anos. Na América Latina, a Argentina gastou US$ 3.400; o México, US$ 2.900; e a Colômbia, US$ 1.500.
As conseqüências em se gastar três vezes mais em ensino superior causou um reflexo negativo na educação básica. Os alunos do ensino médio, por exemplo, estão a cada ano baixando os índices nas disciplinas como língua portuguesa e matemática, o que tem sido evidenciado pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) – um teste da OCDE que mede conhecimentos de estudantes na faixa de 15 anos nas áreas de ciências, matemática e compreensão escrita. Nos últimos anos, os estudantes brasileiros têm ficado entre os últimos nesse mecanismo de avaliação.
Devido à baixa qualidade durante o processo de formação desses alunos nos ensinos fundamental e médio, esses ingressam no ensino superior, tem apresentando um baixo desenvolvimento. O governo gasta três vezes mais em ensino superior em relação à educação básica e apenas 17% conseguem concluir uma graduação. Precisa-se urgente repensar e agir, pois poderá ser tarde demais a dura missão de recuperar décadas perdidas.
Victoria Angelo Bacon é Secretária Executiva e Jornalista da FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA