27/09/2017 às 07h18min - Atualizada em 27/09/2017 às 07h18min
Travestis exploradas obedeciam hierarquia e tinham comida limitada
Vítimas eram atraídas pela promessa de casa, trabalho e alimentação. Por causa da alta hierarquização, grupo será enquadrado como organização criminosa
Polícia Civil levou coercitivamente ao menos 50 pessoas para prestar depoimento no Departamento de Polícia Especializada (DPE) Oito das 10 pessoas presas por exploração sexual e tráfico de pessoas no início da manhã desta terça-feira (26/9) devem responder por organização criminosa, crime previsto pela Lei 13.260/2016. Cada integrante do grupo desmantentelado pela Operação Império seguia uma rígida hierarquia, que contava até mesmo com travestis armados responsáveis por ameaçar e extorquir as vítimas do aliciamento. Segundo a delegada Elisabete Maria de Novais, da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação (Decrin), seis travestis lideravam o grupo
— uma delas morreu em 8 de setembro, vítima de assassinato. Cada uma era responsável por manter uma “casa”, como chamavam as pensões onde vivam as prostitutas aliciadas.
Nesses apartamentos, três deles em Taguatinga Sul e dois no Riacho Fundo, as travestis pagavam entre R$ 50 e R$ 70 de diária. O valor também era cobrado daquelas que atuavam nas ruas controladas pela organização criminosa, principalmente na frente da fábrica da Brasal Refrigerantes. Os valores dos programas variava entre R$ 80 e R$ 100, "a depender da classe social do cliente", segundo uma das travestis ouvidas pelo Correio.
As moradoras das pensões, de acordo com a delegada Elisabete, tinham direito a alimentação. “Mas havia um limite de consumo. Havia uma quantidade determinada para cada travesti a cada dia”, detalha.