Promovida em mais 22 unidades da Federação, a 3ª Campanha Nacional de Fissura Labiopalatina foi aberta nessa segunda-feira (2), no auditório da Escola Superior de Ciências da Saúde (Escs), no Setor Médico Hospitalar Norte. O evento, que vai até 6 de outubro, busca conscientizar a população sobre a importância do tratamento da deformidade craniofacial, principalmente antes da fase escolar, de forma a preservar o desenvolvimento social, psíquico e a aprendizagem da criança.
Nos dias 3 a 5, serão realizadas no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) 17 cirurgias em pacientes - entre crianças e adultos - que estão em acompanhamento e aguardam a realização do procedimento. No dia 4 será promovida a Jornada Interdisciplinar de Pacientes com Fissura Lábiopalatinas. No sábado (7), das 9h até as 13h, haverá sessão de cinema, no Cine Brasília, para crianças submetidas ao procedimento.
O coordenador do Ambulatório de Fissurados do Hran, Marconi Delmiro, explica que quase 5 mil pacientes no Brasil nascem por ano com a deformidade, mas pouco mais da metade consegue tratamento adequado. Em 2016, 139 pacientes foram operados na unidade. Neste ano, foram 130 até agora.
"Há um grande impacto causado por essa deformidade craniofacial já a partir do momento do diagnóstico, porque os pais têm a expectativa de um bebê saudável. Por isso, acolhemos os pais de forma precoce para conduzir o tratamento mais rápido possível de forma a inserir as crianças no convívio social, sem sofrer qualquer tipo de bullying e ter uma vida normal", enfatizou o médico.
Segundo ele, as crianças com o diagnóstico podem ter prejuízos na fala e tendência a problemas de depressão, porque acabam se tornando recolhidas e tímidas.
DOENÇA – A fissura labiopalatina é uma má formação que acomete lábio, palato (céu da boca) musculatura, mucosa e, muitas vezes, o osso. Trata-se de uma fenda que pode atingir apenas um lado, ou seja, ser parcial, ou ambos os lados, classificada bilateral.
A deformidade pode ser diagnosticada antes do nascimento, no útero na mãe, por meio da ultrassonografia morfológica, realizada no pré-natal. O Hran, que teve o serviço reconhecido oficialmente em 2013, é referência no tratamento de fissuras labiopalatinas.
O tratamento é multidisciplinar, com equipe de psicólogos, enfermagem, médicos, entre outros profissionais. "É importante tranquilizar a família do momento do nascimento e até a conclusão do tratamento. A operação pode ser feita a partir dos seis meses de vida no caso do lábio e entre um ano e meio e dois anos, se for no céu da boca", explicou o médico.
Segundo ele, o tratamento depende das condições clínicas do paciente, que muitas vezes podem estar associadas a outras síndromes, agravando a deformidade. "Temos um protocolo de tratamento que varia de acordo com o caso. Há pacientes que são submetidos à cirurgia em torno de cinco vezes ou até mais", explicou.
Participam do evento representantes do Sindicato dos Médicos, da Associação Médica de Brasília, da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Smile Train, organização norte-americana que oferece suporte para o tratamento no Brasil inteiro e em mais 80 países.