10/10/2017 às 06h10min - Atualizada em 10/10/2017 às 06h10min
Delegada tem certeza de que pais provocaram hiperinsulinismo em bebê
Ministério Público acusa os pais do menino, de apenas 2 meses, de tentativa de homicídio, por meio da administração proposital de insulina na criança
Para a delegada Ana Cristina Melo, não há dúvidas de que a doença do bebê foi provocada Não há dúvidas, para a Polícia Civil, de que o hiperinsulinismo (excesso de insulina no organismo) diagnosticado em um bebê de 2 meses no Hospital Universitário de Brasília (HUB) não era congênito, mas provocado pelos pais da vítima, por meio da administração proposital da substância. A mãe e o pai da criança foram denunciados por tentativa de homicídio pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) na semana passada, e há suspeita de terem matado outros dois filhos com o mesmo método. De acordo com a delegada-titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Ana Cristina Melo, o médico responsável pela análise do caso confirmou, por meio de laudos e imagens, que a doença foi provocada por doses desnecessárias de insulina. "A mãe teve muito azar e a criança, sorte. O médico é um profissional extremamente competente e deu uma aula durante o depoimento", diz.
A equipe médica do HUB começou a desconfiar dos pais depois de um funcionário do hospital flagrar a mãe do bebê injetando insulina no filho enquanto ele estava internado na unidade de saúde, em julho passado. De acordo com o promotor responsável pela denúncia, a mãe provocou a doença no filho de 2 meses na tentativa de gerar mobilização social e se beneficiar de doações. Já pai do bebê, que trabalhava como entregador em uma farmácia, seria o fornecedor de insulina para a mulher.
Delegada convencida
Além do flagrante da mãe aplicando o medicamento e do depoimento do médico ouvido, outros fatores contribuíram para que a delegada fosse convencida da culpa dos pais. Um deles é a reação dos quatro filhos vivos do casal — outros dois morreram devido a hiperinsulinismo — quando foram afastados do convívio dos pais. "O filho mais velho, de 12 anos, se mostrou bem fechado durante o depoimento. Ele não falava quase nada e chorou", conta a delegada.
A policial também ressalta a tranquilidade do pai ao prestar esclarecimentos: "Ao ouvir que a esposa havia tentado matar o próprio filho, sua reação deveria ser, no mínimo, de espanto. Mas ele simplesmente disse que não tinha nada a ver com isso".
Com a apuração, Ana Cristina Melo está certa de que os pais estão relacionados com a doença do bebê internado no HUB. "Em relação ao caso mais recente, está comprovado e ela (a mãe, flagrada administrando insulina) vai responder por isso. Não adianta negar. Agora, sobre as outras mortes (de dois outros filhos), temos de ver se vamos conseguir o histórico médico e fazer um levantamento para saber se foi (uma doença de) verdade ou se foi provocada”, afirma.
O Hospital Universitário de Brasília informou que está colaborando com a Justiça, mas não pode se manifestar para não atrapalhar o andamento das investigações.