Um comerciante de 40 anos morreu na segunda-feira, 9, em Barra do Corda, no Maranhão, após passar o dia e a noite preso em uma cela ao ar livre em uma delegacia da cidade. Francisco Edinei Lima Silva foi preso no domingo, 8, após se envolver em um acidente de trânsito e apresentar sinais de embriaguez.
A morte revoltou familiares e moradores da cidade, já que o local onde o homem ficou detido não tem qualquer tipo de proteção contra intempéries. A cela – que se assemelha a uma jaula – fica no pátio da delegacia, exposta ao sol, à chuva e ao vento. Nesta época do ano, a região chega a registrar temperaturas de até 40°C e muito sol.
Segundo relatos de familiares, enquanto esteve preso o comerciante teria relatado fortes dores de cabeça e a polícia teria sido informada que o detento possuía hipertensão. Nas primeiras horas da segunda-feira, o detento sofreu convulsões e, após ser levado para uma Unidade de Pronto Atendimento do município, morreu. A família acusa a delegacia de não ter prestado atendimento inicial a Lima, versão que é contestada pelo delegado Renilton Ferreira. Segundo ele, o detento teve o acompanhamento dos advogados que não relataram nenhum problema de saúde.
Sobre a cela instalada na delegacia ao ar livre, Ferreira afirmou se tratar de uma ala destinada a presos provisórios “até serem atendidos pela autoridade policial competente”.
A presidente da Comissão de Política Criminal e Penitenciária da Ordem dos Advogados do Brasil do Maranhão (OAB/MA), Karolina Carvalho, disse que pretende ir ao município para verificar as condições do local denunciado e lembrou que em várias cidades existem detentos cumprindo penas em delegacias, o que é proibido por lei.
No início do ano, a delegacia de Barra do Corda já havia sido denunciada pelo defensor público Jessé Mineiro, que solicitou em conjunto com o Ministério Público a interdição do local por parte do Poder Judiciário.
O corpo de Francisco Edinei Lima Silva foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Imperatriz e um laudo está sendo aguardado para apontar a causa da morte do comerciante.