22/12/2017 às 05h41min - Atualizada em 22/12/2017 às 05h41min

Falsa médica é presa pela décima vez suspeita de aplicar novos golpes

Jbr

Já conhecida da Polícia Civil do Distrito Federal, a falsa médica Renata Thereza Campos dos Santos, de 35 anos, foi presa pela décima vez pela 19ª Delegacia de Polícia (P Norte). Renata já foi acusada por enganar pacientes e usar documentos falsos para conseguir pegar medicamentos controlados em hospitais da capital. Não bastasse os crimes relacionados à saúde, a mulher, desta vez, passou a fraudar pessoas de baixa renda prometendo casas em programas habitacionais.

Renata é investigada desde 2011. Ela é conhecida como falsa médica por prometer tratamentos contra doenças graves e até mesmo fertilização para casais inférteis. Ela não possui qualquer diploma na área. A última vez que foi presa, foi no dia 24 de agosto deste ano. Na época, foi apreendido uma grande quantidade de medicamentos em sua casa.

“Eram remédios de uso restrito. A perícia foi realizada e mostrou que a quantidade era incompatível para uso restrito, por isso não podiam ser comercializados e, muito menos, serem administrados sem um profissional competente”, alega o delegado-chefe da 19ª DP, Fernando Fernandes.

Renata havia sido autuada pelo exercício ilegal da medicina, e por ser um crime de menor potencial ofensiva, ela somente assinou um termo e foi liberada. De acordo com o delegado, uma segunda linha de investigação está sendo realizada para apurar como ela conseguiu esses medicamentos. “No dia 15 de setembro foi pega de novo no Hospital de Base se passando por médica e conseguiu retirar 15 ampolas de morfina e de calmante tarja preta. Estamos investigando se há a participação de servidores da saúde que forneciam esses remédios”, aponta.

Com o fato da falsa médica ter sido pega com remédios de uso restrito, ela foi indiciada pelo crime de venda ou administração de medicamentos de uso restrito, o que possui maior potencial ofensivo. “A pena é prevista de 10 a 15 anos”, afirma Fernandes. “Representamos a prisão preventiva e ela foi presa ontem a noite”, completa.

Renata foi presa nesta quarta-feira, em sua residência, localizada em Taguatinga Norte, ao chegar de uma viagem de São Paulo. Ela alega que fazendo um tratamento contra o câncer, mas não conseguiu comprovar. Segundo o delegado, ela se mostrou surpresa no momento da prisão. “Ela costumava assinar só o termo circunstanciado e era liberada. Dessa vez, a pena é maior”. Agora, a mulher já foi encaminhada para a Penitenciária Feminina do Distrito Federal.

“ELA DESTRUIU UM SONHO”

No momento da prisão, ontem a noite, os agentes conseguiram levantar que Renata vinha vendendo cotas fantasmas de cooperativas habitacionais. “Prometia prédios em Samambaia e Riacho Fundo, arrecadando das vítimas valores que variam entre R$ 2,5 mil a R$ 5 mil”, conta o delegado. Até o fechamento desta matéria, pelo menos 20 vítimas haviam sido identificadas. Mas, o delegado Fernando Fernandes acredita na possibilidade de haver mais.

Uma das vítimas foi uma mulher, que não quis se identificar, e chegou a pagar cerca de R$ 1,5 mil para Renata. “Fora outras taxas que ela pedia”, aponta. Por ser de baixa renda, a mulher chegou a juntar moedas para dar o valor que Renata pedia. “Ela debochou da minha cara por pagar com moeda. Minha enteada mesmo deixou de pagar água e luz para dar dinheiro a ela”, lamenta.

A mulher conheceu Renata através de amigos em comum, em que ela já havia oferecido apartamentos. Ela conta que não desconfiava que Renata aplicava golpes. “Quando ela se apresentou, por ter amigos que a conhecia, eu não desconfiei. Não tenho tempo de ver jornal, então não tinha ouvido falar dela. Tudo era feito dentro da casa dela, com o pai e a mãe do lado. Quem ia desconfiar? Ela estava levando a gente para dentro da família dela, porque para mim, meu lar é uma coisa muito sagrada”, levanta.

A vítima conta ainda que Renata prometia que em três meses ela teria o seu apartamento. “Comecei a fazer o pagamento em setembro. Dava o dinheiro na mão e não recebi nenhum tipo de recibo”, lamenta. Ela alega ainda que Renata era uma atriz. “Tudo que comprometia, ela falava por ligação ou pessoalmente. É persuasiva, ela te convence”, diz. “Eu tinha o sonho de dar uma casa para os meus filhos e ela destruiu esse meu sonho”, conclui.


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