A força-tarefa da Operação Lava Jato voltou as atenções para uma pequena empresa de Ceilândia, a Feijãozinho Escavações. O empreendimento entrou na mira dos investigadores por ter sido contratado pelo padre Moacir Anastácio para fazer o serviço de terraplanagem na Paróquia São Pedro, em Taguatinga. No local, é celebrada a tradicional festa de Pentecostes.
A obra é suspeita porque o padre Moacir, responsável pelo templo, usou dinheiro doado por três empreiteiras envolvidas na Lava Jato para realizar o serviço. Os depósitos, feitos em 2014, somaram R$ 950 mil e foram repassados pela OAS, a Andrade Gutierrez e a Via Engenharia. Os recursos chegaram à paróquia por intermédio do ex-senador Gim Argello, condenado e preso por cobrar propina de construtoras investigadas no esquema.
Em depoimento ao Ministério Público, padre Moacir informou ter gastado R$ 800 mil na terraplanagem e o restante na realização da festa de Pentecostes de 2014. A desconfiança da força-tarefa da Lava Jato é que as notas fiscais apresentadas para comprovar a execução do serviço não correspondam à realidade e que o dinheiro tenha sido usado para outra finalidade.
Em memorando de 22 de agosto, a Polícia Federal pediu informações sobre o quadro societário da Feijãozinho, incluindo eventuais parcerias dos proprietários em outros negócios. Em 3 de novembro, a empresa foi notificada oficialmente para prestar esclarecimentos. Foram solicitados detalhes do serviço, como “fotos, laudos técnicos, projetos e outros meios de comprovação da realização dos serviços”, segundo o Memorando n° 8.202/2016, da PF.