O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, falou nesta quarta-feira, em entrevista ao blog da jornalista Andréia Sadi, sobre as duas investigações que atingem o presidente Michel Temer. Além disso, Mendes também fez comentários sobre a demissão do ex-diretor da Polícia Federal Fernando Segovia, sobre as atuações da procuradora-geral Raquel Dodge e não poupou o colega de Corte, Luís Roberto Barroso, de críticas.
O ministro jantou com Temer na noite desta terça-feira, dia em que a procuradora-geral da República pediu para o presidente ser incluído em inquérito que apura propina de R$ 10 milhões da Odebrecht ao MDB, em jantar no Palácio do Jaburu em 2014, em troca de benefícios à empreiteira.
O ministro avaliou que há argumentos contra e a favor para que Temer seja investigado por fatos anteriores ao mandato presidencial.
“Logicamente faz sentido que (Temer) não seja sequer investigado, para não ter perturbação e dar uma imunidade ao presidente em relação a fatos anteriores”, disse Mendes.
Por outro lado, o ministro pondera que “tem argumento contra também: as provas podem ficar prejudicadas, pessoas podem morrer, testemunhas. Tem argumento para os dois lados”.
Demissão de Segovia e Dodge
Mendes afirmou também que Fernando Segovia, demitido da direção-geral da PF pelo ministro da Segurança, Raul Jungmann, “perdeu as condições”. O ministro do STF, no entanto, classificou a saída como “desajeitada” e fez críticas à procuradora-geral da República.
“Sou amigo dela, mas por que não faz nada com os procuradores que ficam falando? Por que não suspende os procuradores? Eles palpitam sobre tudo”, cobrou.
Língua de Barroso
Gilmar ainda atacou o colega de Corte Luís Roberto Barroso, que comanda a investigação sobre o decreto dos portos, no qual Temer é um dos investigados.
“Ele antecipa julgamento. Ele fala da malinha, da rodinha. Teria de suspender a própria língua”, declarou Mendes.
“Malinha” se refere ao episódio em que o ex-assessor especial da Presidência e ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) foi filmado recebendo uma mala de dinheiro em um restaurante em São Paulo.
Loures é apontado como intermediário de Temer para assuntos do grupo J&F com o governo. A suspeita da PGR na denúncia é de que Temer seria o destinatário final do dinheiro. Todos negam as acusações.