Enquanto o Brasil discute questiúnculas políticas, do tipo solta Lula, deixa Lula preso, o mundo dá sinais de preocupação, nesta quarta-feira, 11, com o crescimento da guerra de palavras entre Moscou e Washington. No centro da crise, a Síria, que vive em guerra civil há uma década e que voltou às manchetes após um suposto ataque químico atribuído às forças de Bashar al-Assad.
Pelo Twitter, o presidente americano Donald Trump avisou ao líder russo Vladimir Putin, que os mísseis norte-americanos estão prontos para desabar sobre o território sírio. Putin, que tem mais com o que se preocupar, mandou que a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, respondesse à ameaça: Que venha. Haverá respostas, disse a diplomata moscovita.
“Mísseis inteligentes devem atacar terroristas, não o governo legítimo que combate o terrorismo internacional em seu território há vários anos”, escreveu Zakharova na página oficial do Facebook da diplomacia da Rússia.
Em suas postagens, Zakharova continuou dizendo que qualquer ataque dos Estados Unidos e seus aliados à Síria poderia ser uma possível tentativa de encobrir as evidências de que não houve ataque químico em Douma.
Relatos da mídia sugeriram que Trump e seus assessores estavam avaliando uma “poderosa” resposta militar ao suposto uso da bomba de cloro, considerando-a a única maneira confiável de deter mais ataques químicos. A agência de notícias turca Yeni Safak relatou, citando o acadêmico de Relações Internacionais Zakariye Molahafci, que os EUA haviam designado 22 alvos, incluindo áreas russas na Síria.
Resolução rejeitada – O Conselho de Segurança das Nações Unidas votou contra o projeto de resolução da Rússia que favorece uma missão de investigação da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) na Síria; enquanto a Rússia, a China, o Cazaquistão, a Bolívia e a Etiópia apoiaram o projeto, os EUA, a França, o Reino Unido e a Polônia votaram contra. Outros membros do UNSC se abstiveram de votar.
Em 7 de abril, vários meios de comunicação, citando militantes, informaram que as forças do governo sírio haviam usado armas químicas contra civis na cidade de Douma, no leste de Ghouta. A história foi imediatamente captada pelos Capacetes Brancos, que começaram a postar imagens não verificadas das conseqüências do suposto ataque, com alegações de que até 70 pessoas haviam morrido de “sufocamento generalizado”.
Reagindo aos relatórios, os Estados Unidos e seus aliados culparam Damasco pelo ataque químico, ressaltando que a “história” de usar tais armas pelas autoridades sírias “não estava em disputa”. Enquanto o governo de Bashar al-Assad negou as alegações, argumentando que todo o incidente foi encenado, o presidente Trump discutiu a questão com seus colegas europeus, tendo concordado em trabalhar juntos para responsabilizar os perpetradores.