O juiz federal Sergio Moro recebeu, neste domingo (20), o título de Doutor em Direito honoris causa pela Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos. Nessa mesma instituição, os ex-presidentes Luiz Inácio da Silva (PT), condenado por Moro na Operação Lava Jato, e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) receberam um prêmio em 2003.
À época, Lula e FHC foram considerados personalidades do ano na América Latina pelo desempenho na transição do governo brasileiro, em premiação anual organizada pelo Kellogg Institute for International Studies (Instituto Kellogg para Estudos Internacionais), que é da Universidade de Notre Dame. O juiz federal também já havia sido homenageado pela instituição no ano passado, quando recebeu o Prêmio Notre Dame.
O título a Moro foi concedido durante cerimônia de graduação da turma de 2018, da qual foi considerado membro honorário e para quem fez o discurso inicial. Durante sua fala, o juiz brasileiro exaltou os feitos da Operação Lava Jato e citou, sem mencionar nomes, que a investigação foi capaz de julgar e condenar diversos empresários e políticos poderosos, dentre eles, um ex-presidente da República.
“Hoje, como resultado dessa investigação, mais de 157 pessoas foram condenadas por corrupção e lavagem de dinheiro, dentre eles empresários das maiores empresas de construção do País, executivos da Petrobras, parlamentares, um ex-governador, um ex-ministro da Fazenda, um ex-presidente da Câmara dos Deputados e até um ex-presidente”, disse ele. E complementou: “Diferente do passado recente de impunidade.”
E foi além…
Moro também disse que a população brasileira apoia a Lava Jato, como mostrou, segundo ele, uma pesquisa de abril deste ano, em que 84% dos consultados disseram que desejavam que a investigação continuasse. O juiz também afirmou que “milhões” de brasileiros saíram às ruas, desde 2016, para protestar contra a corrupção e a favor da Lava Jato.
“Nossos esforços valem a pena. Todos os brasileiros têm esperança de que, no fim, nós teremos uma economia forte e uma democracia com mais integridade e com uma melhor qualidade. Não queremos ser conhecidos como o País da propina, mas como uma forte e moderna democracia, com a regra da lei”, disse, completando, que não sabe o que vai acontecer com o Brasil no futuro, mas que “construímos a chance” de viver em um País melhor.
Moro ainda aconselhou os formandos a “nunca desistir de uma boa causa” e a defender seus direitos e lutar pela democracia, sendo aplaudido em pé pelos alunos, professores, membros da universidade e parentes.