Policiais cumpriram cinco mandados de busca e apreensão na segunda fase das investigações que apuram fraudes no sistema de bilhetagem automática do DFTrans. Deflagrada ontem e batizada de Operação Coertio. A investigação foca no suposto envolvimento do advogado Rodrigo Duque Dutra e do empresário Renato Itajahy Malcotti com o esquema criminoso. Essa fase das apurações dá continuidade à Operação Trickster, que teve início em 15 de março.
Os agentes querem elucidar se Rodrigo Duque Dutra atuou para ajudar o auditor fiscal de atividades urbanas Pedro Jorge Oliveira Brasil, que está preso desde a primeira etapa da operação. O advogado é acusado de ameaçar uma pessoa envolvida no caso e que estava presa preventivamente.
Rodrigo Duque Dutra teria ido até a carceragem da Polícia Civil, localizada na Delegacia de Polícia Especializada, quatro dias após o início da operação, em 19 de março. Na carceragem, Rodrigo procurou um detido pela Operação Trickster, que não teve o nome revelado. De acordo com a Polícia Civil, o advogado ameaçou o preso dizendo que se quisesse continuar bem, teria de ficar calado. A coação teria sido um pedido do empresário Renato Itajahy Malcotti.
Segundo o delegado Wenderson Teles, da Divisão de Combate à Corrupção da Polícia Civil, o empresário seria amigo do auditor-fiscal e, por isso, os investigadores desconfiam da motivação da ameaça. “Ao longo das investigações, conseguimos comprovar que Renato e Pedro são amigos e, inclusive, teriam sido presos juntos. Por isso, o que tentamos entender é se Renato tentava ajudar o amigo ou se tentava aliviar a própria barra, por ter envolvimento no esquema”, explicou o delegado.
O responsável pela investigação não soube informar quando e por quais crimes os dois teriam dividido a cela. O empresário tem três passagens por peculato (desvio de dinheiro público) e uma por estelionato.
Apreensões
Para esclarecer o objetivo da ameaça, policiais apreenderam materiais dos suspeitos em duas casas no Lago Sul, em um apartamento no condomínio Park Sul e em dois escritórios, localizados no Liberty Mall e no Setor de Armazenagem e Abastecimento Norte (Saan). Os agentes recolheram notebooks, computadores, HD externo, DVDs, celulares, agendas, documentos e cartões de créditos.
A ação foi realizada por policiais da Coordenação de Combate ao Crime Organizado, aos crimes contra a Administração Pública e aos crimes contra a Ordem Tributária (Cecor) e contou com o apoio do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
Rodrigo e Renato ainda não foram indiciados. O delegado Wenderson espera finalizar o inquérito para decidir se oficializa o pedido. Eles poderão responder por coação no curso do processo. Se condenados, a pena é de um a quatro anos de reclusão. Procurado por e-mail, Rodrigo não respondeu. O Correio não conseguiu contatar o empresário.
Investigações
1ª Fase — 15 de março
» 37 mandados de prisão temporária e de busca e apreensão cumpridos em Brasília.
» 3 mandados de prisão temporária cumpridos na Paraíba e em Pernambuco.
» Envolvimento de servidores públicos, técnicos de informática e permissionários do sistema de transporte público coletivo do DF.
» Apenas Pedro Jorge Oliveira Brasil continua preso.
» Desvios de, pelo menos, R$ 500 mil por semana.
2ª Fase — 15 de junho
» 5 mandados de busca e apreensão.
» Alvos: o advogado Rodrigo Duque Dutra e o empresário Renato Itajahy Malcotti.
Delegado Wenderson Teles vê ligação entre empresário e auditor-fiscal em fraudes no sistema de bilhetagem do DFTrans
(foto: Divulgação PCDF)