A polícia também apreendeu manuscritos na cela do ex-ministro Geddel Vieira Lima, além de cinco pen drives que o ex-senador tentou jogar na privada. Os investigadores recuperaram o material, mas seu conteúdo continua sob sigilo. As regalias também ficaram demonstradas. Estevão dividia com Dirceu a maior e mais confortável cela da “ala das autoridades”, enquanto as demais, inclusive a de Geddel, estavam lotadas, com até treze detentos em cada uma. “A biblioteca mais parecia um escritório do ex-senador do que um espaço de uso comum dos outros presos”, diz o delegado Thiago Boeing, um dos encarregados do caso. O senador tinha uma pilha de documentos no seu “escritório”, numa evidência de que continua controlando seus negócios privados de dentro da prisão. Após a operação, o governo do Distrito Federal afastou os diretores da penitenciária.
Não é a primeira vez que Estevão e Dirceu são apanhados em tramoias dentro da Papuda. O ex-senador, condenado a 31 anos de prisão por corrupção, financiou do próprio bolso a reforma da ala onde cumpre pena. Sua cela tem chuveiro elétrico, banheiro com privada, piso de granito, paredes pintadas, iluminação diferenciada e televisão. Já Dirceu, quando cumpria pena no processo do mensalão, tinha tratamento vip autorizado pela própria direção do presídio, à época sob o comando do governo do petista Agnelo Queiroz. O ex-ministro passava a maior parte do tempo na biblioteca, recebia visitas fora do horário e seus familiares não se submetiam à revista íntima.
Publicado em VEJA de 27 de junho de 2018, edição nº 2588