Em meio à crise e ao desemprego, muitas empresas estão fechando as portas ou mesmo deixando o Distrito Federal. Para se ter ideia, em 2016, segundo dados da Associação Comercial do DF (ACDF), 17 mil empresas brasilienses deram baixa no CNPJ na Junta Comercial da capital do país. Apenas no mês de novembro, foram 1.439.
Não implica dizer que todas fecharam as portas ao longo de 2016, pois o processo pode ter iniciado antes. No entanto, os números são um indicativo de que algo vai mal. Segundo Cléber Pires, presidente da ACDF, há três principais razões que vêm contribuindo para o fechamento de empresas no DF: falta de segurança, de estacionamentos e elevada carga tributária.
Os incentivos do governo também deixam a desejar, diz o presidente da ACDF. “Falta política pública de desenvolvimento no DF. Na crise, governos têm que se readequar e simplificar. Aqui ocorre o inverso. Muitas empresas estão migrando para Goiás, Minas Gerais e para o sul do país”, afirmou Pires.
Uma delas é importadora e distribuidora de pneus Siqueira Campos. Segundo o seu proprietário, Reinaldo Siqueira Campos, a empresa gerava uma arrecadação média de R$ 10 milhões ao ano para o governo do DF. “Agora, esse dinheiro está entrando para os cofres de Santa Catarina”, contou.
Ele se mudou ao longo do ano para o sul em 2016. Diz que os motivos são “a falta de incentivos e a alta complexidade do ambiente de negócios em Brasília”. Segundo Siqueira Campos, faltam iniciativas fiscais e tributárias que incentivem empresas a ficar no DF.
Fundador da Edibraz Luminárias, Dilson dos Santos não fechou as portas, mas reduziu consideravelmente o negócio da família em 2016. De um galpão de 1,7 mil metros quadrados, em Taguatinga, a Edibraz passou a ocupar um espaço de 300 metros quadrados, na mesma cidade. De 32 funcionários, agora são seis. E não estão descartadas mais demissões.
A Edibraz tem 20 anos de mercado no DF. Está sendo soterrada pela crise, pela concorrência desleal dos chineses e pela falta de incentivo do GDF, segundo Dilson dos Santos, que hoje é funcionário do filho na empresa. “Estamos trabalhando para nos adequar, mas está difícil”, acrescenta.
O outro lado
O GDF diz, por meio da Secretaria de Economia, que o número elevado de baixas do CNPJ é consequência da política de simplificação adotada pelo atual governo. De acordo com o Executivo, muitas (empresas) já estavam inativas há anos e “agora, com a simplificação e desburocratização, conseguem finalizar suas atividades em poucos dias”
Com números distintos daqueles divulgados pela ACDF, o GDF alega que, de janeiro a setembro deste ano, 7.691 empresas foram abertas no DF e 7.789 empresas antigas foram licenciadas. Ainda segundo o Executivo, neste mesmo período, 3.644 empresas deram baixa em suas atividades.
A secretaria informou ainda que há incentivos por parte do GDF e que um novo modelo de gestão do Pró/DF está em vigor desde setembro do ano passado. A partir dele, os empresários beneficiados pelo programa de desenvolvimento econômico podem refinanciar dívidas para que não fechem as portas.