27/09/2018 às 18h45min - Atualizada em 27/09/2018 às 18h45min

Ex-governador Joaquim Roriz morre aos 82 anos em Brasília

Político estava internado havia um mês no Hospital Brasília. Ele não resistiu após sofrer infartos e ser submetido a traqueostomia.

Metrópoles e Correio de Santa Maria
Morreu, nesta quinta-feira (27/9), em Brasília, o ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz. Ele estava internado no Hospital Brasília, no Lago Sul, desde 24 de agosto, quando deu entrada com febre alta. Os médicos confirmaram a morte às 7h50, por choque séptico decorrente das complicações da infecção pulmonar, que resultou em falência múltipla dos órgãos.
“Estamos devastados. É um momento em que só peço orações. Tenho certeza que não é só a família que perde com a morte do meu avô, mas Brasília inteira”, disse Joaquim Neto, na porta do hospital. “Ele merece todo o carinho do mundo, mas está descansando agora”, completou.
 
O corpo do ex-governador será velado no Memorial JK ainda nesta quinta. Às 15h, apenas autoridades e familiares terão acesso ao corpo. A despedida estará aberta ao público a partir das 16h. O enterro está agendado para às 11h de sexta (28), no Campo da Esperança da Asa Sul.
Roriz é o primeiro político do DF a ser velado no museu que é dedicado ao criador de Brasília. Ele será enterrado em cova posicionada a 20 metros da lápide do ex-presidente. O corpo será levado em carro aberto dos bombeiros. O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) decretou luto oficial de três dias.
O patriarca do clã Roriz estava na Unidade de Terapia Intensiva e chegou a apresentar melhora, quando foi transferido para um quarto no último dia 10.
Contudo, voltou a ser internado na UTI dois dias depois, onde permaneceu até o momento de sua morte. Algumas horas antes do óbito, Roriz sofreu uma parada cardíaca e foi submetido à traqueostomia. A cirurgia abriu um pequeno orifício na traqueia, onde uma cânula foi instalada para a passagem de ar. Depois, sofreu mais duas paradas cardiorrespiratórias.
Por volta das 10h, o corpo do ex-governador foi levado do Hospital Brasília. O velório ocorrerá no Memorial JK.
Desde o agravamento do quadro de saúde até o óbito
 
Desde os primeiros rumores da notícia, começou a movimentação de parentes, amigos, políticos e imprensa no hospital. A família deve divulgar, em breve, detalhes sobre o velório e a cerimônia fúnebre de despedida do ex-governador.
Diabético e doente renal crônico, o quadro de saúde do ex-governador se agravou nos últimos anos. Em agosto de 2017, o Metrópoles revelou que Roriz precisou amputar dois dedos do pé esquerdo por causa da diabetes. O político voltou ao hospital 11 dias depois e teve parte da perna direita amputada, na altura do joelho.
Dois anos antes, em novembro de 2015, Roriz ficou quase uma semana internado após um quadro de hipertensão e taquicardia. Na época, precisou ser submetido a cateterismo.
Piora no quadro
Boletim médico no fim de agosto apontou quadro infeccioso. Joaquim Roriz precisou ainda retomar a alimentação por sonda. Diante da piora do quadro, médicos orientaram a ex-primeira-dama Weslian Roriz a evitar visitas na unidade de internação, pedido negado por ela.
 
Um dos principais líderes políticos do DF, Joaquim Roriz governou por 14 anos. Foi em Luziânia (GO), município a cerca de 60km do DF, onde o patriarca da família nasceu e iniciou a carreira política: elegeu-se vereador e deputado estadual pelo MDB. Foi também indicado prefeito interventor de Goiânia e governador biônico do DF pelo então presidente José Sarney (MDB). Antes, ocupou o cargo de ministro da Agricultura e Reforma Agrária nas duas primeiras semanas do governo Fernando Collor.
A familiares, Roriz sempre relatou ter recebido o ex-presidente Juscelino Kubitschek em sua primeira visita à região hoje conhecida como Distrito Federal. Ele veio dar início à transferência da capital no Rio de Janeiro, no litoral, para o centro do país, futuramente batizado de Brasília. Roriz era criador de gado e parte das terras desapropriadas pertenciam à família da esposa do ex-governador, Weslian Peles Roriz.
Força política
Durante uma trajetória política em que reuniu admiradores e críticos, Roriz se manteve como uma das maiores forças políticas do DF. Lançou à vida pública nomes hoje conhecidos, como o do ex-governador José Roberto Arruda (PR), o ex-vice-governador Tadeu Filippelli (MDB), o ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR) e o candidato ao GDF pelo PSD, Rogério Rosso.
Além deles, o político investiu em inúmeros nomes que passaram pelo secretariado de suas gestões com o objetivo de conquistar cadeiras na Câmara Legislativa do DF ou na Câmara dos Deputados.
Em 2006, foi eleito senador. Iniciou o mandato em 2007 e renunciou após cinco meses para escapar de um eventual processo de cassação devido ao escândalo da Bezerra de Ouro, que apurou o suposto recebimento de recursos irregulares. Após ser diagnosticado com mal de Alzheimer pelo Instituto Médico Legal, a Justiça arquivou o processo contra o político.
Nas eleições de 2010, Roriz chegou a se lançar na disputa pelo Palácio do Buriti, mas desistiu por ter sido enquadrado nos critérios de inelegibilidade em função da renúncia ao mandato parlamentar. A mulher, Weslian Roriz, assumiu a cabeça de chapa, mas perdeu as eleições para Agnelo Queiroz (PT).
Ela obteve 33% dos votos válidos. Atualmente, por impedimentos legais, as duas filhas de Roriz que seguiram carreira política – Jaqueline e Liliane – não poderão concorrer em 2018. Contudo, o líder do clã manifestou desejo em relação à candidatura do neto que leva o mesmo nome do político a uma cadeira na Câmara dos Deputados.
 
Ex-governadores Agnelo Queiroz e Cristovam Buarque reverenciam Roriz
Em nota, eles destacaram o respeito e admiração pelo político, mesmo estando em lados opostos ideologicamente
 

 
Os ex-governadores do Distrito Federal Agnelo Queiroz (PT) e Cristovam Buarque (PPS) publicaram notas lamentando a morte de Joaquim Roriz, na manhã desta quinta-feira (27/9).
O político estava internado no Hospital Brasília, no Lago Sul, desde 24 de agosto, quando deu entrada com febre alta. Os médicos confirmaram a morte às 7h50, por choque séptico decorrente das complicações da infecção pulmonar, que resultou na falência múltipla dos órgãos.
 
Ambos os ex-governadores lembraram que têm ideologias políticas opostas a Joaquim Roriz, mas destacaram o papel dele para o desenvolvimento da cidade. “Seu legado será lembrado com apreço e respeito”, disse Agnelo. “Brasília perde o seu político mais emblemático”, afirmou o senador Cristovam Buarque.
Confira a íntegra das notas dos ex-governadores:
Agnelo Queiroz:
“O Distrito Federal amanheceu com um profunda tristeza pela morte do ex-governador Joaquim Roriz, que sem dúvida alguma é uma das mais importantes referências políticas que temos na nossa cidade. 
Roriz foi especial para Brasília e realizou obras importantes para o povo do DF.
Estivemos em campos opostos ideológica e politicamente, mas sempre nos tratamos de maneira respeitosa. Tivemos uma relação institucional muito saudável. Seu legado será lembrado com apreço e respeito.
Desejo aos familiares que estejam fortes neste momento de dor e que Deus conforte os corações de todas e todos vocês!
Roriz, descanse em paz.”
Cristovam Buarque: 
“Brasília perde o seu político mais emblemático. Para mim, sempre será uma honra ter tido um opositor da estatura de Joaquim Roriz. Estou suspendendo temporariamente a minha agenda de campanha. E convido a todos a fazerem o mesmo em solidariedade à família e em respeito a Roriz.”
 
 
A trajetória política de Joaquim Domingos Roriz
JOAQUIM DOMINGOS RORIZ
               
Por Vital Furtado ( do livro meu Testemunho de Santa Maria )
 
Joaquim Roriz  começou sua carreira política  pelo PT, partido que ajudou fundar em Goiás. Natural do município goiano de Luziânia (a 60 km de Brasília), Roriz já ocupou os cargos políticos de vereador a governador, até chegar ao Senado Federal.  Político nato, Roriz jamais conheceu o sabor da derrota.
      Sua primeira eleição foi em 1968, quando conseguiu uma vaga na Câmara de Vereadores de Luziânia. Na ocasião, foi o deputado mais votado da cidade. Em 1978 disputou uma vaga na Assembléia Legislativa de Goiás, e foi o deputado estadual mais votado. Quatro anos mais tarde, chegou à Câmara Federal. Em 1986, elegeu-se vice-governador e, um ano depois, assumiu a prefeitura de Goiânia, como interventor. De lá, Roriz saiu em 1988 para aceitar o convite do presidente José Sarney para governar o Distrito Federal, por nomeação.
     Os 18 meses de Roriz como governador no Palácio do Buriti foram marcados pela política de remoção de favelas para assentamentos. Época em que Roriz conquistou seu eleitorado doando lotes. Em março de 1990, deixou o governo de olho nas eleições de outubro. A promessa de fazer o metrô seduziu eleitores. Roriz venceu no primeiro turno. Eleito pelo PTR, tomou posse durante um temporal, em 1º de janeiro de 1991.
      Roriz voltou a governar o Distrito Federal em 1998 e foi reeleito em 2002, em uma disputa acirrada com Geraldo Magela (PT). Roriz conseguiu se reeleger com uma pequena vantagem sobre o petista. Nas eleições de 2006, o então governador deixou o cargo para sua vice, Maria de Lourdes Abadia (PSDB), para disputar uma vaga no Senado. Roriz concorreu ao cargo com Agnelo Queiroz (PC do B), ex - ministro do Esporte do governo Lula, e conseguiu se eleger.
                      A administração do governador Joaquim Roriz também foi avaliada. Roriz conseguiu os maiores índices de aprovação de um governador brasileiro. Mediante esse quadro, Roriz dá o seguinte recado: “Quero deixar claro aos meus adversários que lutar em prol dos mais necessitados não foi minha bandeira política. Pelo contrário, foi minha maior obrigação. E digo mais: para mim essa luta foi um sacerdócio que teve início em Belém do Pará, durante um discurso do saudoso Tancredo Neves. Inculquei em minha mente as palavras sábias e patrióticas de Tancredo Neves que as relembro como se fosse hoje”. Assim disse Tancredo: “Enquanto houver um só brasileiro sem emprego, moradia, educação, saúde, segurança e sem ter o que comer, toda prosperidade é falsa”.

Quatro vezes governador do Distrito Federal  e eleito Senador da República no ano de 2006  renunciou ao cargo para não dar a satisfação dos adversários conseguirem o que mais queriam; cassar Joaquim Roriz e não o seu  mandato.

Nota da redação CSM: Os familiares optaram pelo Memorial JK para o velório de Joaquim Roriz, ao invés do Buriti, no qual ele mais gostava de receber o seu povo, os pobres. No palácio do Buriti, ele simplesmente deixava de lado a façanha de TETRA GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL ( um mandato nomeado e três eleito), para se transformar no referencial de política social sem a vaidade contaminada pelo poder, demonstrando humildade, igualdade, porém, transparecendo ser um homem de personalidade e caráter voltado para o bem.
Sinto que ele queria estar ao lado do seu povo nesse momento de despedida. O Mesmo povo que lhe honrou, levando-o a cadeira do Palácio do Buriti por três vezes, Palácio esse, no qual ele se consolidou como o maior nome da história Política do Centro-Oeste.
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