Durante seu atendimento, descreveu ao MP, João teria pedido ao pai da menina, seu acompanhante na ocasião, para ficar de costas e com os olhos fechados. “Em seguida, [João] acariciou os seios, barriga, nádegas e virilha da menina”, descreve a ação. E ainda sustenta: “Não satisfeito, o denunciado segurou, por cima da roupa, a mão da vítima, movimentando-a para cima e para baixo sobre seu órgão genital, afirmando que através daquele tratamento seria curada”.
A juíza da comarca de Abadiânia, Rosângela Rodrigues Santos, considerou em sua sentença que não há como tipificar no episódio o crime de fraude sexual, previsto em quatro hipóteses: substituição de uma pessoa por outra, quando o agente simula celebração de casamento, má-fé em união por procuração e em caso de estado de sonolência da vítima.
“Com efeito, a conduta do acusado, ao afastar-se dos princípios éticos e da caridade que norteiam os ensinamentos de Allan Kardec, foi imoral, mas não caracteriza violação sexual mediante fraude, por ausência de suas principais elementares”, afirmou a juíza em em decisão publicada pela Veja Brasília.
No documento, a magistrada diz ter convicção de que o ato foi praticado, mas considera que a moça, embora com síndrome do pânico, tinha condições de evitar o episódio, por exemplo, pedindo ajuda ao pai, que estava na sala. Aos prantos, a menina teria ficado com nojo das mãos que tocaram em João. O médium foi inocentado em 2010 sob o argumento de defesa de falta de provas para a condenação.
Outras investigações
Ao Metrópoles, o delegado-geral de Polícia Civil de Goiás, André Fernandes de Almeida disse que a PCGO está com uma investigação em curso para apurar todas as denúncias de abuso sexual contra o médium João de Deus. Na segunda-feira (10/12), as vítimas começarão a ser chamadas para serem ouvidas.
“Todas as denúncias serão investigadas. São fatos graves”, ressaltou o policial. O delegado disse, ainda, que o caso será apurado pela Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), com sede em Goiânia. Explicou que, devido à complexidade da situação e à possibilidade de intimidação das vítimas, as investigações serão conduzidas pela especializada da capital goiana e não ficarão em Abadiânia, no Entorno do DF, onde João de Deus faz suas consultas espirituais.