O Exército Brasileiro deve estar preparado para enfrentar eventuais atritos com seus desafetos, em especial os de fronteira na América do Sul. A opinião é do general Paulo Chagas, quando não companheiro de caserna, por certo do Clube Militar de todos os oficiais superiores que estão se agrupando em tordo do presidente diplomado Jair Bolsonaro.
Em artigo publicado em suas redes sociais, Paulo Chagas não cita nenhum país sul-americano ou do Caribe (como Cuba, por exemplo), ou a Nicarágua, na América Central. Mas sintetiza, em linhas gerais, que o Brasil precisa estar preparado para encarar eventuais inimigos em tempo de guerra.
Nos governos do PT, principalmente, a política externa brasileira era outra, lembra o general. Consequentemente, não havia necessidade de as forças militares estarem armadas até aos dentes.
O artigo do general Paulo Chagas é intitulado Política Externa e Defesa Nacional. A íntegra tem o seguinte teor:Contudo, esclarece, os tempos são outros. E a posição geoestratégica do Brasil exige hoje um reforço capaz de mostrar a adversários que qualquer ataque à soberania nacional deve ser colocada na balança para que o inimigo não dê tiro no pé.
Caros amigos
A partir de 1967, por força do movimento desenvolvimentista iniciado em 1964, os temas econômicos assumiram a vanguarda da agenda diplomática brasileira.
O governo do Presidente Ernesto Geisel (1974-79), baseado e no fim do alinhamento com os EUA e das condicionantes ideológicas da Guerra Fria, iniciou uma nova fase da política externa que se usou chamar de “pragmatismo responsável”.
Com a queda do Muro de Berlim, ganhou força a ideia de que uma única superpotência (EUA) conduziria a uma nova ordem mundial pacífica, baseada na liderança hegemônica de um só país. Pensamento este abalado em 11 de setembro de 2001 com o ataque terrorista ao território americano.
Nas últimas décadas, problemas como proteção ambiental, direitos humanos, migrações, tráfico de drogas, terrorismo e comércio ilegal de armas adquiriram particular importância nos foros mundiais, passando a ocupar a pauta das relações internacionais.
Passou-se a preconizar que estas questões já não competiam ao arbítrio dos estados nacionais, devendo merecer um controle jurídico e moral de alcance global. A diplomacia coercitiva, utilizada no âmbito de negociações comerciais para modificar a conduta dos países em relação àqueles problemas, também ampliou seu espaço.
O Brasil, evitando qualquer possibilidade de atrito com os interesses estrangeiros, descurou-se do seu Poder Militar e chegou a estes tempos sem poder de barganha, pondo em risco até a soberania nacional.
Para reverter este quadro, o País precisa agora de uma Política Externa conveniente, eficiente e eficaz que, apoiada em uma Política de Defesa realista e corajosa, represente efetivamente a vontade de conquistar e manter os Objetivos Fundamentais da Nação.
Para isso serão necessárias Forças Armadas adequadamente equipadas, devidamente adestradas e aprestadas, e a vontade soberana e responsável da Nação para rever acordos e posturas adotadas sob a pressão de interesses não identificados com os anseios de grandeza e de independência que o Brasil legitimamente aspira.
As condições geoestratégicas do País exigem uma posição de liderança regional e atitudes proativas que construam as melhores condições para garantir uma presença mais efetiva no cenário mundial e a defesa dos interesses nacionais.
A conquista desta posição e a tomada destas atitudes passam, necessariamente, pelo incremento do Poder Militar, pela reformulação da estrutura legal interna e pelo reestudo de tratados e de acordos internacionais assinados no curso das últimas décadas.