29/12/2018 às 13h06min - Atualizada em 29/12/2018 às 13h06min

QUEM TEME OS GENERAIS? O LEMA É QUE SEM ORDEM NÃO HÁ PROGRESSO

Notibras

Além do companheiro de chapa Hamilton Mourão, o próximo presidente da República contará, segundo já se anunciou, com vários integrantes das Forças Armadas. Augusto Heleno (GSI), Bento Costa Lima Leite (Minas e Energia), Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo), Fernando Azevedo e Silva (Defesa) seguiram carreira fardados.

Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) também usou o traje espacial, o engenheiro Tarcísio Gome de Freitas (Infraestrutura) se formou no prestigioso Instituto Militar de Engenharia, e a nacionalidade colombiana de Ricardo Vélez Rodríguez (Educação) não o impediu de ser professor emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército.

Vozes e textos oposicionistas prontamente se levantaram para apontar o Governo Bolsonaro com um número maior de militares que os próprios governos chefiados por militares durante 20 anos. Como se fosse um escândalo. Como se ser militar fosse uma tara social. Advogado, pode. Pastor também. Sindicalista, nem se fala. Mas militar, não. Obviamente não se trata de fraqueza de formação: a área militar tem as melhores formações, desde o colégio até os institutos superiores.
 

O preconceito contra os militares também não se explica por uma suposta orientação partidária. Vestir a farda não interfere no pensamento político. Não há linha monolítica. Certamente há militares que aderem às teses “progressistas”. Alguns devem votar no PT. Não a maioria, provavelmente, mas é porque o partido da estrela vermelha tem dificuldade em dialogar com eles.

Por razões históricas, a esquerda brasileira é antimilitarista. Era compreensível quando começou a se organizar há 40 anos, por se opor ao regime em vigor. Não evoluiu desde então. Odeiam os uniformes por princípio. Sem reparar que Stalin, Mao Tse-Tung, Fidel Castro ou Hugo Chávez quase sempre apareciam em público fardados.

Para alguns, o incômodo vem das leis militares. Os lemas que norteiam as carreiras. Disciplina e respeito à hierarquia. Parece cafona, fora de moda num mundo onde se cultua a liberdade irrestrita, a supremacia do indivíduo.

Governantes, juízes, professores, pais, nenhuma autoridade é reconhecida, tudo pode ser questionado, qualquer palavra que possa parecer ordem, indicação ou mesmo conselho não merece ser respeitada porque “ninguém manda em mim”. No reinado das redes sociais, todos se equivalem. O argumento do Doutor em astronomia não vale mais que o do influenciador digital que mal consegue lembrar a ordem dos planetas no sistema solar. E isso mesmo quando o assunto, justamente, é astronomia.

No mundo militar, escuta-se e obedece-se ao chefe. Porque ele não chegou a esta posição por acaso. Não foi indicação de deputado, não é sobrinho de ministro. Ele seguiu um curso de vida feita de formação e de experiência que lhe proporcionaram os atributos para comandar.

Chefe que é chefe de verdade precisa ser obedecido. Porque chefe que é chefe também é responsável não só por seus atos, mas também pelas consequências do cumprimento das ordens que ele endereçou a seus subordinados. O poder só é real quando ele é assumido, com seus bônus e ônus.

Este sentimento de assumir a ordem, de chamar a si a responsabilidade, faz falta hoje. “Não fui eu”, “foi meu assessor”, “eu não sabia”, “fui traído”, “todo mundo faz isso”, “existe há muito tempo”, “não fui eu que inventei”… O léxico das desculpas é extenso. E sempre renovado. No entanto, os mesmos personagens são rápidos para atribuir a si mesmo, e unicamente, os louros dos acertos e das vitórias que conquistaram. Mas na hora de assumir os erros e as derrotas, sempre o culpado é outro. Ou outros.

Se, de fato, a missão dos Forças Armadas não é governar um país, não há nada que impeça a população de querer, pela via democrática, reverenciar os lemas e os temas militares. Nem que seja por um período. E até mesmo provável que, se fossem consultados, uma porção significativa de brasileiros veria com bons olhos uma presença maior de militares.

Não só no Governo. Algumas grandes empresas brasileiras macularam recentemente o nome do Brasil aqui e no exterior. Quando não os criaram, integraram sistemas de corrupção de obras públicas em vários países. Algumas já gastaram milhões em pedidos de desculpas.

Talvez possam também mostrar que mudaram de verdade seu modo de agir. E para isso, por que não, mesmo que seja por um período limitado, colocar em posição destacada um executivo de formação militar? Para botar um pouco de ordem, pelo menos.

Porque sem ordem, não há progresso. Está escrito na bandeira nacional.


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »