09/01/2019 às 07h47min - Atualizada em 09/01/2019 às 07h47min

Ex-ministro do Esporte recheou pasta que assumiu no DF com R$ 11 mi

Antes de chefiar secretaria do GDF, Fróes fez repasses nos últimos dias de 2018. Ministério da Cidadania investiga o caso,

METRÓPOLES

O ex-ministro do Esporte do governo de Michel Temer (MDB) Leandro Cruz Fróes da Silva destinou, quatro dias antes de deixar o cargo, R$ 11 milhões para a Secretaria de Esporte do Distrito Federal. Após ter deixado a Esplanada, Fróes tomou posse como titular da pasta na capital federal. As informações são da Folha de S.Paulo.

O extinto ministério autorizou seis repasses à pasta do Distrito Federal, entre os dias 28 e 31 de dezembro. O de maior destaque foi o convênio de R$ 6 milhões para a “implantação e Desenvolvimento do Programa Luta pela Cidadania”.

O repasse foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) no dia 31 de dezembro. O segundo maior convênio foi publicado no dia 28: foram R$ 2 milhões, referentes “ao projeto-piloto Esporte e Cidadania”. No total, o extinto ministério repassou R$ 23 milhões para a secretaria da capital em 2018.

O direcionamento de verbas milionárias viraram alvo do Ministério da Cidadania. As investigações tomaram forma logo após o nadador Luiz Lima ter anunciado pelas redes sociais que Fróes teria repassado cerca de R$ 100 milhões para a sua futura secretaria. Ex-integrante do segundo escalão do ministério, Lima foi eleito deputado federal pelo PSL do Rio, legenda e estado do presidente Jair Bolsonaro.

Em resposta ao jornal, o Ministério da Cidadania informou que “os números levantados até aqui sobre os últimos convênios celebrados com o Governo do Distrito Federal não chegam ao montante do número divulgado [por Lima]”, mas confirmou a realização de “pente-fino” para apontar o valor final das destinações. A ideia, segundo o próprio ministério, é que a sindicância seja concluída até o final desta semana.

 

No comunicado oficial à imprensa, o ministro da Cidadania, Osmar Terra, e o futuro secretário especial do Esporte, Marco Aurélio Vieira, informaram a intenção de “revisar todos os contratos e convênios celebrados nos últimos dois meses de 2018”. Na reforma ministerial do presidente Jair Bolsonaro, a pasta da Cidadania unificou os ministérios da Cultura, Desenvolvimento Social e Esporte.

Contingenciamento
Ao Metrópoles, o ex-ministro Leandro Fróes classificou como “irresponsáveis” as acusações do ex-subordinado. Segundo Fróes, no período no qual decidiu fazer os repasses, ele ainda não havia sido convidado para integrar o primeiro escalão do governador Ibaneis Rocha. Atual secretário de Esportes do DF, ele negou que tenha privilegiado, no ministério, a secretaria que agora comanda.

O secretário afirmou ainda que “a respeito de a assinatura de alguns convênios terem ocorrido no fim do ano, há que se lembrar que no início do ano houve um contingenciamento de recursos feito pelo governo federal e somente em novembro é que houve a liberação para utilização das verbas, como é praxe na administração federal”.

Fróes argumentou ainda que o Distrito Federal “estava inadimplente perante o Serviço Auxiliar de Informações para Transferência Voluntária e somente depois que o então governador Rodrigo Rollemberg regularizou a situação é que os convênios puderam ser assinados”. Segundo ele, por isso, o DF foi uma das unidades da Federação com menor investimento do governo federal nos últimos anos, ficando atrás de Rondônia e Acre, por exemplo.

Procurado, o GDF informou à reportagem que não se posicionaria, uma vez que o atual secretário não ocupava o posto quando decidiu fazer os repasses aos cofres locais.

O ex-ministro ocupou a pasta federal em 2018, por indicação de Leonardo Picianni (MDB). O emedebista deixou a cadeira para concorrer à reeleição no Congresso Nacional, mas não conseguiu êxito. O ex-ministro trabalhou por sete anos na Câmara dos Deputados com Picciani. Antes, ele foi secretário de Trânsito, Transportes e Serviços Públicos de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.


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