Enviada especial a Brumadinho – O terceiro dia de buscas em Brumadinho (MG), após o rompimento da barragem de minérios da Vale, terminou sem a localização de nenhum sobrevivente neste domingo (27/1). Até agora, o número oficial de mortos chega a 58 e 305 pessoas continuam desaparecidas. As chances de encontrar pessoas vivas é pequena, admitem integrantes das forças que ajudam no socorro.
No final da tarde deste domingo, pelo menos 98 sepulturas já haviam sido abertas e preparadas para os enterros no cemitério Parque das Rosas, no bairro Salgado Filho, a cerca de cinco minutos de carro do centro de Brumadinho. Entre os mortos, 19 corpos foram identificados.
Segundo o tenente-coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil de Minas Gerais, 361 pessoas foram localizadas e 193 resgatadas. De acordo com ele, um ônibus foi encontrado na noite deste domingo próximo à administração da barragem, com corpos, e o resgate foi estendido. Ainda não se sabe o número de mortos dentro do coletivo.
As buscas foram retomadas no início da tarde. A atividade havia sido suspensa durante a evacuação da cidade, após risco de rompimento da Barragem VI. A entrada do centro da cidade foi liberada e os moradores, autorizados a voltarem às suas casas.
O Corpo de Bombeiros estava monitorando o volume de água no complexo. As autoridades baixaram o risco de quebra do concreto para o nível um – antes estava avaliado em dois, numa escala de três pontos. Equipes ainda bombeiam o líquido para diminuir o volume da Barragem VI. Até as 14h, o complexo abrigava 840 mil m³ de água, e a capacidade máxima é de 3 a 4 milhões de metros cúbicos.
Segundo o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Pedro Aihara, ainda existe a possibilidade de a corporação encontrar pessoas com vida. Mas foi preciso suspender o trabalho durante toda a manhã para não colocar em perigo as equipes de resgate. O caminho percorrido pela lama estava dentro da área de risco do novo rompimento.
Comunidades inteiras haviam sido evacuadas. Todas as famílias de Pires e Parque da Cachoeira foram retiradas de suas casas. Mas os militares ainda trabalhavam em outras zonas de risco: Novo Progresso, Ipiringa, Centro, São Conrado, Santo Antônio e Cohab. Além de deixar 3 mil desabrigados, a quebra da nova barragem poderia resultar em 24 mil pessoas sem energia e água.
A Defesa Civil está trabalhando com a Vale para ajustar a lista de desaparecidos. Moradores estavam reclamando que os nomes divulgados pela mineradora só contemplavam funcionários da empresa. Terceirizados e habitantes de Brumadinho teriam ficado de fora.
Desastre
A barragem Mina Feijão, em Brumadinho (MG), rompeu-se por volta das 13h de sexta-feira (25/1). O vazamento de lama fez com que uma outra barragem da Vale transbordasse. O restaurante da companhia foi soterrado. O prédio administrativo também foi atingido.
A lama se espalhou pela cidade e moradores precisaram deixar as casas. Equipes de bombeiros e da Defesa Civil foram mobilizadas para a área e estão em busca de vítimas. Tanto o governo federal quanto o local montaram gabinetes de crise e deslocaram autoridades para a região.