29/01/2019 às 07h58min - Atualizada em 29/01/2019 às 07h58min

Análise: Pimentel, Anastasia e Aécio devem explicações sobre barragens

Depois do rompimento da represa em Brumadinho, ex-governadores agem como se não fossem responsáveis pela expansão da mineração em Minas

METRÓPOLES

rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), nessa sexta-feira (25/1), chama à responsabilidade os governantes de Minas Gerais das últimas décadas. A gravidade destrutiva da avalanche de rejeitos de mineração exige explicações dos que estiveram à frente do Executivo local enquanto a Vale mudava a geografia das montanhas do estado.

Pela dimensão dos danos, espera-se que os ex-governadores Fernando Pimentel (2015-2018), Antônio Anastasia (2011-2014) e Aécio Neves (2003-2010) venham a público para esclarecer como atuaram nesse setor. A proliferação de represas com restolhos de minas teve, no mínimo, a complacência de suas administrações.
 

Independentemente das culpas a serem apuradas pelas investigações, pode-se adiantar que as decisões políticas relativas à exploração do subsolo foram tomadas pelas cúpulas dos governos. A mineração representa quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado e contou com o estímulo tanto dos tucanos Aécio e Anastasia quanto do petista Pimentel.

 

Governo de Minas/Divulgação

Governo de Minas/Divulgação

 
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O petista Fernando Pimental governou Minas Gerais de 2015 a 2018

Do ponto de vista técnico, cabe aos governos estaduais conceder licenciamento ambiental para as atividades de mineração. Assim, os chefes do Executivo têm poder para estimular ou barrar iniciativas do setor.

Dessa forma, os governadores estão ligados aos benefícios das minas para a população. Do mesmo modo, mantêm-se conectados com as consequências desastrosas de suas decisões.

Seria natural, portanto, que se expusessem para sanar dúvidas sobre suas relações com as empresas da área, principalmente, a Vale. Percebe-se, no entanto, que Pimentel (foto acima), Anastasia (imagem abaixo) e Aécio optaram pela postura defensiva ou, mesmo, pelo distanciamento dos fatos.

RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES
Rafaela Felicciano/Metrópoles

Rafaela Felicciano/Metrópoles

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Antônio Anastasia governou o estado de 2011 a 2014

 

Nesse caminho, agora sem mandato, o petista acompanha de longe o sofrimento de seus conterrâneos. Segundo informa o partido, ele se encontra fora do Brasil. Desaparecido, Pimentel abstém-se de explicar por que flexibilizou leis para facilitar a ampliação das atividades mineradoras no estado.

O senador Anastasia se manifestou pelo Facebook. Registrou sua tristeza pela tragédia e hipotecou solidariedade à população de Brumadinho. Nenhuma palavra sobre o que o governo dele fez para controlar as represas da Vale. Na forma como se expressou, pareceu um cidadão comum, sem papel relevante nas decisões do governo mineiro na última década.

DIDA SAMPAIO/ESTADÃO
Dida Sampaio/Estadão

Dida Sampaio/Estadão

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Já Aécio Neves foi governador de Minas de 2003 a 2010

 

Padrinho político de Anastasia, também pelo Facebook, Aécio (foto acima) falou em “alertas feitos” para evitar a tragédia, sem esclarecer que alertas seriam esses. Eleito deputado federal, o tucano pediu que “autoridades de todos os níveis” se unam para mudar a legislação do setor. O texto não fez qualquer referência à relação de seus mandatos com as empresas de mineração. Nem parece que governou o estado.

A conivência das autoridades com as práticas abusivas na mineração ficou evidente depois do estouro da barragem do Fundão, em Mariana (MG), em 2015. Passados mais de três anos, nada foi feito para evitar que um fato ainda pior atingisse os mineiros.

Ainda não se sabe se as mortes (foto em destaque do recolhimento de mortos) e desaparecimentos de centenas de pessoas e a destruição da natureza provocadas pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão provocarão mudanças no modelo de mineração no país. Mas, não há dúvida de que os últimos governantes são responsáveis pelos atos que permitiram a expansão predatória da atividade em Minas Gerais.


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