06/02/2019 às 21h14min - Atualizada em 06/02/2019 às 21h14min

Fotógrafo atirou várias vezes na cabeça da ex, revela irmão da vítima

Em depoimento à Polícia Civil, Eliezer Souza de Oliveira disse que o ex-cunhado continuou alvejando a irmã mesmo após ela cair no chão

METRÓPOLES

Em depoimento à Polícia Civil, o vendedor Eliezer Souza de Oliveira, 32 anos, relatou o comportamento agressivo do ex-cunhado, o fotógrafo Romeu Nobre Santana, 58. Na segunda (4/2), o homem tentou matar a ex-mulher, Elizângela Andrade de Oliveira Santana, 39. Segundo Eliezer, Romeu não deu apenas um tiro: foram vários disparos contra a cabeça da dona de casa. Mesmo quando ela já se encontrava caída no chão.

Nesta quarta (6), a 1ª Vara Criminal de Santa Maria converteu em preventiva (por tempo indeterminado) a prisão em flagrante do agressor. “Com efeito, há necessidade da segregação cautelar do agente, em razão de sua periculosidade, extraída das circunstâncias que envolvem o caso concreto e do histórico de violência doméstica e familiar”, destacou a juíza substituta Lorena Alves Campos.

Aos investigadores, o irmão de Elizângela disse que estava com ela no carro e seguia com destino à Ceilândia. Eles foram seguidos pelo ex-marido da vítima e, em frente ao Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta), na DF-001, altura do Gama, Romeu fechou o veículo onde estavam os dois irmãos. Assim que o automóvel parou e Eliezer desceu, Romeu começou a disparar. Foram três tiros contra o ex-cunhado: dois deles atingiram o braço esquerdo, e o terceiro errou o alvo

 

Após o início da confusão, a mulher saiu do carro na tentativa de defender o irmão e tentar convencer o ex-marido a parar as agressões. Ao ver Elizângela, Romeu mirou na cabeça e atirou. Assim que a ex-mulher caiu, ele se colocou ao lado dela e começou a desferir vários tiros contra o crânio da vítima, conforme contou ao Metrópoles o delegado plantonista da 20ª DP, Antônio Henrique Leite. A quantidade de projéteis que a atingiram ainda está sendo apurada pela perícia.

Elisângela só não morreu porque a arma usada foi uma de pressão, tipo airsoft, carregada com balas de chumbinho. A mulher foi levada ao Instituto Hospital de Base (IHBDF), onde passou por cirurgia, e continuava internada na noite de terça (5), sem risco de morrer. Já Eliezer prestou depoimento na 20ª DP (Gama) após receber alta do Hospital Regional do Gama (HRG).

Essa não foi a primeira vez que Romeu tentou matar Elizângela. Em outubro do ano passado, ele atacou a ex-mulher, com quem foi casado por 19 anos, a facadas. “A mulher conseguiu uma medida protetiva contra o ex-marido em outubro de 2018. Mas desde aquela ocorrência ele sumiu”, revela o delegado Antônio Henrique Leite.

 

Segundo o advogado da família, Maykon Jonattan de Souza, depois que Romeu tentou matar Elizângela no ano passado, ela se mudou para Valparaíso (GO), onde morava com as duas filhas, a mãe e o irmão. “Ele começou a persegui-la, descobriu a rotina e a intenção dele era matá-la”, afirmou o defensor ao Metrópoles.

Romeu é fotógrafo e se mantém, além do trabalho, com a renda do aluguel de imóveis próprios. “Ele tinha material profissional de impressão, acho até que foi ele mesmo quem fez a identidade falsa que a polícia achou. É um cara perturbado”, acredita o advogado.

A versão do atirador
No depoimento colhido na segunda-feira (4), o atirador tentou justificar o crime fazendo uma série de acusações desencontradas contra a ex. O delegado que colheu o depoimento de Romeu, Jacsan Vasconcelos, da 20ª DP, disse haver indícios de que Romeu premeditou o crime e planejava fugir. “No carro dele, a gente encontrou uma barraca de acampamento, um machado, uma identidade falsa e materiais para disfarce, como uma peruca”, descreve Vasconcelos.

“A arma que ele usou costuma ser considerada não letal, mas atira esferas de aço de 5 mm a uma velocidade muito grande. Ficamos impressionados com a gravidade do ferimento. Definitivamente, não parecia ter sido causado por uma arma de pressão”, contou o militar responsável pela prisão, subtenente da Polícia Militar Lindovaldo Nima.

9, o Metrópoles iniciou um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.

O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.

Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.


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