Foi alentador o episódio da entrega que fez pessoalmente Jair Bolsonaro da reforma da Previdência ao Congresso Nacional. Revelou humildade e competência. Agiu como estadista, determinou que uma equipe, considerada competente e elogiada, inclusive pelo Grupo Globo, na pessoa de Carlos Alberto Sardenberg em fala na GloboNews, que não falou como inimigo – perderá o emprego? –, mas que afirmou que o governo parece governo, entusiasmado, depositando esperança.
E explicou: “…governo competente, organizado, que enviou uma proposta consistente, de verdade, bastante bom…etc”.
Quem acompanhou a apresentação da reforma defendida pelos agentes do Planalto, deve ter ficado surpreendido com a consistência da proposta entregue pelo presidente, com méritos para a equipe que estava disposta a ficar até a madrugada explicando o que fosse necessário sobre o tema aos parlamentares. É assim que se faz.
Além de urgente, é fundamental que a reforma não seja contaminada ideologicamente, não cabe mais esse viés, de um bloco que tem o voto dos pobres. Aí vem uma contradição: eleição é majoritária. Quem se elege com votos de pobres precisa do maior número de votos possível. Ou seja, os votos do maior número de pobres possível.
É terrível ser didático. Também é o caso da esquerda que escraviza miseráveis para, travestidos de integrantes legítimos de um processo eleitoral covarde dizer que eles são legítimos representantes de uma classe social inferior que chegou à Média, comprou geladeira e chapinha, mas que agora, apenas 40 dias depois que o Brasil tem nova orientação, os milhões de seres que tiveram acesso à Classe B – declara o PT sem comprovação – graças ao criminoso Lula, não vão mais gozar desse paraíso.
A esquerda não tem mais o que dizer, acabou! É preciso ser cioso da conquista, respeitar os apostadores de primeira hora. O poder tem prazo. A convicção, bem orientada, terá sobrevida maior. A gratidão é uma virtude que a política, até aqui, não reconhece e parece normal desprezar aliados de primeira hora. Não vale a pena macular um processo muito consistente que nenhum Twitter poderá manter, caso haja um escorregão que desfigure ou desqualifique aliados. Aí será o mesmo do mesmo.
Não é o caso. Bolsonaro fez um gol imediatamente após a inútil discussão com um ex-ministro, determinando que está definitivamente empenhado em reformar o Brasil. É impossível não acreditar nisso. Não há esperança se assim não for. A construção da reforma da Previdência, elogiada e competente, ainda que Delfim Netto, o ministro eterno dos militares, tenha dito que é pouco, quando ele próprio não fez absolutamente nada para corrigir quando pode. Deu suas pedaladazinhas também, todos sabem, e agora vem com churumelas.
A proposta de reforma, inadiável, foi concebida por pessoas anônimas e muito competentes, de forma objetiva, pragmática, que não há o que discutir. Se Delfim acha pouco e ele próprio não fez mais, ou nada fez, sua avaliação é secundária.
Agora, após o estrago do presidente sobre o PSL que é o seu partido e de sua família, um outro capítulo no Congresso Nacional, pode ser uma aposta sem fim previsível. Isso não pode da mesma forma ser resolvido pelo Twitter. O general Mourão, ao recuar quando deu entrevista afirmando que Bebianno foi desleal ao divulgar as gravações de conversas – conversas, sim! –, que teve com o presidente já disse ao que veio.
Mourão é político, hábil, sabe onde está pisando, viabilizou a candidatura de Bolsonaro quando manteve Lula preso, com o endosso do general Villas Boas, no momento em que o STF estava mobilizado para soltar o torneiro mecânico para derrotar Bolsonaro.
Assim é a história real. Chato é não ser reconhecido por dizer a verdade, embora a verdade seja o melhor caminho para chegar onde é preciso chegar. Paciência, navegar é preciso…