25/02/2019 às 06h59min - Atualizada em 25/02/2019 às 06h59min

Crimes assustam usuários e põem em xeque segurança do Parque da Cidade

Além do sentimento de insegurança, frequentadores reclamam da infraestrutura do local. PM prepara força-tarefa para reduzir criminalidade

METRÓPOLES

Um dos espaços públicos mais emblemáticos da capital, o Parque da Cidade passa por dias difíceis em meio ao abandono e ao descaso da administração. Hoje, o local – que conta com 420 hectares e tem projetos assinados por Oscar Niemeyer, Lucio Costa, Athos Bulcão e Burle Marx – acumula reclamações dos frequentadores. Os registros vão desde os equipamentos depredados à falta de segurança, que dá ensejo a roubos e até mesmo assassinatos.

Os problemas de infraestrutura incluem churrasqueiras quebradas, bancos destruídos, paredes vandalizadas, iluminação precária, brinquedos infantis sem segurança, falta de água e banheiros em estado deplorável. Entretanto, nenhuma reclamação é tão frequente quanto aquelas sobre o quesito segurança. O medo da população se justifica por episódios recentes.

 

O último deles envolve um assassinato brutal motivado por dívida de drogas. Em 12 de fevereiro, um casal foi preso, suspeito de matar Givaldo Gomes da Silva, 52 anos, com mais de 20 facadas.

Já em 16 de dezembro de 2018, o corpo de Robson Milton Santos foi encontrado nu, com sinais de espancamento, próximo ao Pavilhão de Exposições. O suspeito de matar Robson foi preso quatro dias depois. Mensagens encontradas no celular do acusado mostram uma conversa em que ele afirma ter cortado a garganta da vítima com estilhaços de uma garrafa.

 

Ainda em 2018, um adolescente foi espancado até a morte durante festa de música eletrônica no local. Um grupo de 20 pessoas cercou e surrou o garoto, acreditando que ele havia roubado um celular. O furto não foi comprovado. Também no ano passado, uma mulher foi estuprada em um bambuzal do Parque da Cidade próximo ao complexo da Polícia Civil.

Os episódios bárbaros serviram de alerta para a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que agora prepara força-tarefa para coibir a onda de crimes na região. Denominada de Parque Seguro, a operação prepara um ônibus equipado com sistema de monitoramento interligado à Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), além de policiamento por meio de drone.

No local, há câmeras espalhadas pela área (veja abaixo), distribuídas entre estacionamentos e próximas ao Parque de Exposições. No entanto, a SSP informou que, do total de equipamentos, apenas três são disponibilizados à pasta para o monitoramento. Os demais pertencem à Administração do Parque da Cidade, que não soube dizer quantos existem nem se todos estão em operação.

Daniel Ferreira/Metrópoles

Daniel Ferreira/Metrópoles

 
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DANIEL FERREIRA/METRÓPOLES

 

Apesar dos episódios, a PMDF assegura que o espaço possui “índices criminais bem baixos, e o objetivo da Polícia Militar é reduzir ainda mais esses números, para próximo de zero”. Ao Metrópoles, a corporação também informou haver, dentro do local, um “posto comunitário de segurança (PCS) funcionando 24 horas”.

Mas, para a estudante Marina Lima, 18 anos, esses “argumentos não colam”. A jovem foi vítima de uma tentativa de assalto em frente ao posto policial. “Eu saí correndo. Só lembro que ele me pediu o celular e disse que tinha uma faca. Na hora, não tinha policial no posto”, conta.

Vigilantes
Nem os próprios vigilantes terceirizados contratados pela Administração do Parque da Cidade – são 18 por turno – conseguem garantir a segurança de todo o espaço. Sem querer ser identificado, um dos funcionários reclamou da situação de abandono do local, o que contribui para o aumento da criminalidade na região.

O segurança destaca o espaço onde antes funcionava a Piscina com Ondas – desativada há mais de 20 anos. “Eles tomaram conta daí. Não sei bem o que fazem, se usam droga, se vendem, mas eu não tenho como impedir a entrada deles lá. Andam armados e eu só tenho isto aqui”, diz ele, mostrando o cassetete.

De dia, você não vê viva alma. Os bandidos aparecem pela noite, e ainda bem que só trabalho pela manhã. Quem cobre a noite precisa andar armado"
Vigilante do Parque da Cidade